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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Está na minha estante- Os Bridgertons I

Eu sei que que passei setembro sem escrever nada mas aqui estou eu de novo...

O Duque e Eu



















O gaguinho e moça simpática



Eu não lia muito romance de época, o único romance de época que eu li tinha foi Eu Sou Alice de Melanie, eu até tenho uma resenha aqui.  Mas um dia eu estava no serviço, tinha uma revistinha Avon na minha frente, eu resolvi dar uma olhada e vi lá “Serie Os Bridgertons” aí eu pensei, “por que não?” e encomendei o primeiro e assim começa nossa jornada....

(imagem do livro)

É 1813 e Daphne Bridgerton, a filha mais velha e terceira de oito irmãos, já está passando da idade de se casar, vem temporada, vai temporada (o que eram isso?) e ela não encontra ninguém que seja adequado, ou é velho demais, ou só a vê como uma amiga (aí é ruim, hein?) até que aparece na sua vida o Duque de Hastings, Simon Basset ( a quem eu apelidei carinhosamente de “gaguinho”) que tem forte objeção ao casamento, mas é meio difícil escapar das mamães casamenteiras que correm atrás de um bom partido para as filhas com toda a voracidade do mundo (e eu achando que isso era coisa da Senhora Liddell) decido a escapar desse destino de ser disputado com um pedaço de osso por uma mantilha (que comparação!) Simon decide cortejar a Daphne de mentirinha, assim as senhoras largam do sue pé e Daphne começa a ser visada por alguém que valise a pena. Onde a gente já viu isso dar certo? Em lugar algum, Eles acabam se apaixonando um pelo o outro e casam... mas é claro que se o casal fica junto antes do fim do livro então é por que alguma treta vai acontecer , é o que acaba acontecendo. Primeiro que vamos esclarecer que eles não se casam do tipo “quer casar comigo? Ah claro” é mais para “Ou casa ou morre” aí cês ficam pensando que para o Duque ter sido ameaçado de morte e chegado a um duelo, ele fez alguma coisa, e ele fez,  mas o que mais vai importar nesse livro não é o que ele FEZ para ter que casar com ela mas o que ele NÃO QUER FAZER, depois de casar com ela, e não se engane, ele não se recusa a casar com Dapnhe por que não a ama. Depois do casamento a autora simplesmente descreve todas as relações sexuais deles... sim... ela faz isso... quem não gosta diz que é baixaria a nível de romance de época de folha de jornal (não sei se já viram) mas quem lê com mais cuidado vê que ela foi romântica, sensível e descreve tudo de forma muito inteligente sem parecer vulgar. Tem ainda a Lady Wisthledown, uma fofoqueira misteriosa que publica num periódico tudo que é bafo que rolou nas festas e bailes, os capítulo sempre começam com uma coluna dela. A relação de Daphne, ou Daff como é chamada pela família, com os irmãos e a mãe é muito gostosa e divertida, eles são em 8, e cada livro da série vai contar a história de um, começando por Dapnhe em O Duque e Eu e depois de Anthony, o mais velho, até o mais novo.
Eu me apaixonei desde a primeira descrição pelo Simon, não me peça para não se apaixonar por um cara de olhos azuis claros, alto, elegante, educado e gago, não que a gagueira para mim atributo de beleza, mas que no caso dele o deixa fofo. Por que ele é aquele pitelzão de homi aí ele começa a gaguejar e a gente fica com dó querendo pegar ele no colo e dizer que estava tudo bem, sobretudo por que logo na introdução é narrada a infância do duque e como ele sofreu com isso quando era um garotinho e tem toda aquela relação com o pai dele que é cruel. Eu já vi imaginarem para esse papel o Henry Cavill, mas toda vez que cita o olhar glacial do duque eu lembro do meu crush, Tom Hiddleston... Eu amei esse livro e recomendo a todos que querem entrar para a família dos Bridgertons (até por que é o primeiro dãããããã...), mas não é só por isso, é livro é mesmo muito cativante e apaixonante.
A cena que eu mais gosto é que eles estão no jardim no maior Love e chega o irmão dela, por que eu gosto de cenas onde o parente da moça descobre o caso e a gente fica imaginando eles com aquela cara furiosa!




segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Está na minha estante- Eu Sou Alice

A Culpa é de quem?


Uma coisa é certa, eu tenho que começar a escrever obre os livros que eu tenho na minha estante ou ter um blog não servirá de absolutamente nada além de eu postar de vez em quando umas coisas que eu acho que vão interessar as pessoas que o lêem....  Eu e Ninguém, até Deus deve acessar blogs mais interessantes... em fim (esse devia ser o nome de um canal no You Tube para mim por que eu repito muito esse termo) não escrevo por que não sei ou não tenho sobre o que escrever, não escrevo por que simplesmente tenho preguiça mas isso vai ter que começar a mudar a partir de hoje.

Tenho Uma fanfic para colocar o último capítulo mas não vou por que um... (nem vou falar o que penso) resolveu empacar no capítulo 12, o maldito capítulo 12, vocês lembram da May e do Jorge, não havia por que achar que eles fariam algo tão horrível
Tenho resenhas para fazer
Tenho que falar sobre os filmes que assisti antes que eu me esqueça deles

A Fanfic depois eu falo por causa dessa bronca toda, (tenho que cuidar da volta do nosso Vilhens para cá)

Mas vamos pela resenhas

Hoje eu trago para vocês um livro que me deu muita raiva, não por que ele é ruim ou decepcionante mas por que a autora escolheu contar uma história real de uma maneira bem..... bem..... bem, eu vou explicar para vocês. O livro é Eu Sou Alice (peloamordeDeus, não confundir com Hoje Eu Sou Alice, a diferença de um Hoje é Ela tinha razão e ela nunca vai ter tido razão na história) da escritora Norte Americana Melanie Benjamin




(autora Melanie Benjamin)




















O livro conta a história de Alice Liddell, para quem não sabe (o que você está fazendo aqui?) Foi a melhor amiguinha que o escritor Charles Lutwidge Dodgson (vulgo Lewis Carroll) e para quem ele deu o manuscrito que anos depois viria ser Alice no País das Maravilhas, esse você conhece, o livro conta justamente essa relação dela com a ele e toda essa coisa de ter sido “musa inspiradora” e etc e tal. Há alguns livros que já fizeram isso, digo, contar a história de Alice e da “amizade” que ela tinha com o autor, mas o diferencial deste livro é que ele conta pelo ponto de vista da Alice (em primeira pessoa, como se Alice o narrasse), isso é, ao em vez de biografia, o livro toma o caráter de um romance de época, sim, um romance de época, mas eu não estou criticando, eu AMO romances de época (os Bridgertons, depois falaremos deles), mas há um, porém nisso tudo, é muito bom imaginar Alice com seus lindos vestidos de bailes nos salões decorados de Oxford, mas eu vou contar por que mais legal para mim ainda é imaginá-la levando chá de cadeira feito a Penélope Featherington.
Eu Sou Alice é divido em três partes, a primeira é quando ela ainda é criança, para quem não sabe, ela tinha 4 aninhos quando conheceu o escritor mas essa parte foca dos 7 aos 10 anos dela, nesse período ela é questionadora, curiosa, reflexiva e mais parecida com a Alice do livro, a relação dela com o Sr Dodgson (vocês sabem quem é) é mostrada de maneira doce, sensível e nada, NADA, que eu com todas as forças negativas deste e de outros universos posso dizer “Ai que absurdo, nossa, esse cara é um perigo para ela, não tem nenhum adulto confiável por perto!”, o motivo é simples, ele é o único ser humano que entende ela, pelo menos no livro, talvez na vida real ela tivesse certas conversas com sua irmã mais nova, mas no livro não é mostrado nenhuma criança com que ela tenha amizade, nenhum adulto, apenas o velho e “bobo” Sr Dodgson, a relação deles é muito bonitinha, e as vezes da impressão de que a Alice é mais perigosa do que ele (e vocês tem a confirmação disso no final), de qualquer modo eu sempre digo que se pudesse eu arrancava essa primeira parte, colocava um “e viveram felizes para sempre no final” e jogava o resto fora, eu shippo os dois sim, descaradamente, assim como eu faço com o Cedric e a Sophia.
Na história real, (ou que se sabe) Charles era muito próximo da família e frequentava diariamente a reitoria e o jardim dos Liddell até que em 1863, depois do final de Junho, ele simplesmente parou de fazer menções a essas visitas em seus diários, a gente podia falar que de tanto visitar, ele achou que era a casa dele e não era mais necessário registrar isso em seu diário, mas as páginas dos dias 28, 29 e 30 foram arrancadas e a gente nunca soube e nem saberá o que foi que aconteceu nesses dias (acredito que se for à casa do Edward Wakeling, você encontra essas páginas num cofre ou num piso falso) os especialistas dizem que nesses dias foi em que rolaram alguma treta entre ele e os Liddell que fez com que ele fosse “convidado a se retirar da residência” ou seja, levou um pé, as teorias para o que foi essa treta são tantas que deveria haver um concurso (eu mesmo escreveria umas mil) mas por que estou falando sobre isso? Por que o se o livro está contando a relação da Alice com Lewis Carroll tem que passar por esse “detalhe”, e ele passa, mas não na passagem da primeira parte para segunda. A Segunda parte, Alice já é uma linda donzela (rsrsrsrsr ta parei, no livro ela é donzela mesmo) que arrebata o coração do príncipe Leopold, filho mais novo da rainha Vitória, ela vive atormentada pelos fantasmas do passado, o que aconteceu entre ela e o senhor Dodgson (seja lá o que tiver acontecido) a deixou um pouco mau falada, e é como uma sombra que ameaçasse a seu conto de fadas com príncipe, e ainda tem o John Ruskin infernizando a coitada como se sua mãe não fosse o suficiente. Se na primeira parte eu vomitei arco íris, nessa eu vomitei minhas tripas, Eu não gosto nem um pouco da Alice dessa segunda fase, não sei se é por que eu acostumei com a idéia (ainda que muito possivelmente irreal) de uma Alice mais sincera, rebelde, e até atrapalhada (uma possível personagem de Os Bridgertons) e aqui temos uma Alice, romântica, menos sonhadora que a da primeira fase e muito apaixonada (cof cóf iludida cóf cof) com seu relacionamento com o príncipe, a maneira como ela trata e se refere ao senhor Dodgson  faz qualquer leitor (que não seja eu) pensar que ele fez algum mal para ela, mas um mal bem grande, daqueles dignos de forca! E para piorar fica o senhor Ruskin insinuando coisas... Eu não sei qual a real participação do senhor Ruskin nessa história, para quem não sabe quem foi esse ser, ele foi um artista do século dezenove de um movimento chamado pré-rafaelismo que teve nomes como Dante Rosseti e Everett Millais, John Ruskin protagonizou um dos maiores bafos da Era Vitoriana, é citado algumas coisa no livro, mas para maiores informações recomendo vocês assistirem o filme Effie Gray,








John Ruskin, oscar de coadjuvante na segunda parte





Obra de Dante Gabriel Rosseti, estilo conhecido na época como pré-rafaelismo










Apesar do Ruskin se tornar até mais legal que a Alice nessa parte, vamos voltar a historia da “donzela” indefesa apaixonada pelo príncipe encantado, não foi totalmente ideia da autora romantizar a história de tal forma que fizesse Alice viver um conto de fadas (bem diferente da do País das Maravilhas) O príncipe Leopold da Albânia realmente existiu e estudou em Oxford nesse período (década de 1870) (foto do príncipe)  chegando a “flertar” com Alice, mas esse “flertar” precisa ser mais discutido, uns dizem que ela foi considerada uma possibilidade de casamento (ta na Wikipédia dele) outros dizem que ele estava interessado na Edith, o que se sabe é que ele deu um broche de diamante para a Alice e ela usou no dia do casamento, (se você ganhasse um broche de um príncipe, você não o usaria no dia do seu casamento?) mas ele não casou com nenhuma plebéia, saiu de lá e casou com um princesa, no livro ele está muito apaixonado pela a Alice mas por causa de seu “passado obscuro” a mãe dele acha melhor ele não ficar com ela, a cena dele dando um pé nela pode parecer bem triste para alguns e eu também achei, mas depois de ler o final eu volto naquela cena e dou risada, e claro, analisando todo o contexto histórico e que se ele realmente amasse Alice ele não iria se importar com o que aconteceu e ia desobedecer a mãe, mas nããão, o filinho da mamãe voltou para a casa depois de ter morrido a menina pela qual ele supostamente não estaria apaixonado, Edith ( eu não estou insinuando nada só não engulo esse casal). A irmã da Alice morre, a cena dela doente é de cortar o coração (isso se você não leu um outro livro chamado Alice Aos 80, eu vou falar dele aqui mais para frente) e a dela morrendo é mais ainda, a Alice só sofre, coitada, aí vem a terceira parte.
Eu vou ser sincera, não li muito a terceira parte, parei depois que o senhor Dodgson morre, vi ela se reencontrando com o verdadeiro Peter Pan (sim, também houve um Peter Pan, ninguém fala muito do caso dele, mas o fato é que ele se jogou debaixo de um trem!) o marido dela é um mala (nesse livro a gente odeia o Reginald, mas aprende  a amá-lo em Alice aos 80) os filhos dela são desinteressante, a cena que ela os leva para conhecer o Sr Dodgson me fez  começar a ficar com raiva dela (apesar do livro ser pelo ponto de vista dela, eu não via pelo ponto de vista dela), a parte que eles morrem na guerra é triste, (só sobrevive o que ela menos gostava: Caryl, que porra de nome Caryliano é esse? Não estou insinuando nada, isso começou com a Florence Black Lennon) e blá, blá blá... aí eu pulo para as páginas finais afim de saber o que realmente houve naquela tarde em que eles voltavam de trem (a última cena da primeira parte e a última cena conhecida do Lewis Carroll com os Liddell) e.... e.....
Aí eu jogo o livro no chão e grito
“FEEEEELHA DA POOOOTAAAA!!!!!”  (me referindo a Alice) Mas eu vou deixar bem claro que eu sou bem diferente de vocês, então pode ser que vossa reação não seja a mesma.
Eu queria muito fazer uma resenha sobre esse livro, agora eu fiz, espero que tenham gostado, e mesmo que não tenham, apenas leiam esse livro, ainda que você não conhecia essa história, leia, mas leia assim, como se fosse ficção, não como se fosse a biografia verdadeira da Alice, por que ninguém ia ta querendo saber a história dela se não fosse o maldito do senhor Dodgson e para biografia ela ta muito nojenta e ingrata. Eu sei que na realidade ela foi diferente, pelo menos eu espero que tenha sido.
A cena que eu mais gosto é: a dos fogos quando eles estão sentados no banco conversando antes de chegar a governanta.

TAQUIPARIU QUE CENA ROMANTICAMENTE LIIIIIIIIENDA!!!!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A Menina no País das Maravilhas


“Eu não pude evitar” aposta que se perguntasse para o Lewis Carroll o que ele não pude evitar ele olharia para a...
-Olharia para quem, Jaqueline?
-Eu não disse para quem, Wakeling, eu ia dizer para o quê.... é né... aquele 1% David .Slavitt....





Phoebe (se pronuncia Fíbi) Litchen (Ella Fanning) é uma garotinha estranha que  adora o País das Maravilhas, é esperta, questionadora, sonhadora e.... tem uns hábitos estranhos como cuspir, pular escadas e lavar as mãos... então ela decide participar de uma peça de teatro na escola que é Alice no País das Maravilhas (mas você não sabe se País dos Espelhos ou País das Maravilhas) são os dois. Aí entra a senhorita... Dodger, cujo o sobrenome foi escolhido com muito carinho pelo autor do filme (sabedores saberão).
Levou umas 24 horas para baixarem esse filme na Lan House, mas conseguiram, quando eu comecei a assistir eu falava “essa menina foi baseada em mim”, detalhe: eu só havia visto o trailer, então a medida que ela se arranha e se sente em no precipício o tempo todo eu fui vendo que eu não tenho esse tipo de devaneio mental (tenho outros), o filme trata basicamente da relação dela com sua mãe, um procrastinadora que também ama Alice e que as filhas sejam diferentes, e da relação de Phoebe com o mundo a sua volta, ela vive no meio de pessoas que em contraste com sua personalidade reflexiva tornam-se chatas e desinteressante, menos Jammie, o garotinho ator e única criança com quem Phoebe faz amizade. Ao decorrer do filme vemos diversas referências as obras de Carroll, entendemos que a protagonista enxerga o mundo através delas, e cada pessoa do seu cotidiano torna-se um clássico personagem do livro, situações também são comparadas e metáforas de cenas famosas do País das Maravilhas se fundem com a realidade na mente de Phobe. Além dessa esfera, percebemos a complexidade de sua relação com a família e com si mesma, muitas vezes ela toma atitudes rudes e mal educadas e fica muito evidente que não são por que ela quer, pelo menos é o que ela diz o filme todo: “Eu não consigo evitar”, mas se equivoca quem pensa que  a guria é malcriada e usa isso como desculpa, alguns também chegam a pensar assim, mas a verdade é que Phoebe.... bem, aí tem que assistir o filme até o final,  mas até lá o enredo é interessante e sensível, os diálogos são profundos e  tem cenas muito comoventes. A irmã de Phoebe, Olívia, se repararmos nela mais do que a própria família veremos que ela é muito inteligente e tão interessante quanto a protagonista, mas não tem os mesmo problemas.
Eu não sou nenhuma especialista em cinema, o máximo que eu faço é assistir Pipocando, (aliás eu recomendo até para quem não é cinéfilo, é muito bom) então não me peçam um análise da atuação e tudo mais por que eu só estou fazendo resenha por que tem algo a ver com o que eu gosto muito, mas as atuações são boas, embora as expressões da Ella Fanning no psiquiatra tenham me lembrado as do Walter (Kevin Bacon) em O Lenhador, quando ele também está no psiquiatra (será a cara que as pessoas fazem quando estão sendo analisadas?) . Eu gostei muito desse filme e recomendo a todos os fãs de Alice pelas referencia diretas e também pela trama muito bem desenvolvida, e disso a todos.
A cena que eu mais gosto é a conversa, a primeira conversa que ela tem com a senhorita Dodger no alto do palco.


O que não pode May Cohen Trailer Official fanfic Fanmade

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Parte V


 Lucas está procurando por alguma pista no escritório que pertencera ao autor quando percebe a presença de alguém, ele olha para a porta e se depara com um homem, em média de 37 ou 35 anos,em média uns 1,76cm, nem gordo, nem esguio mas de uma estatura corporal mediana, cabelos negros e volumosos, olhos de azul cobalto, cansados, mas vidrados, pele clara,  leves olheiras, e um rosto que revelava um ser de muita reflexão e certa ousadia
-Quem é você?- perguntou Lucas reparando que ele não era nenhum funcionário do museu
-Meu jovem- suspirou o homem, percebera que ele tinha um suspiro triste e melancólico, como o do mosquito- meu nome é Charles... Charles Vilhens, eu preciso de um objeto que está nesta sala
-Eu também
-Espero que não se trate de uma espada dourada
-Na verdade eu não sei o que possa ser- Vilhens caminhou até a parede da janela e tateou até a sombra de sua mão revelar uma tênue linha até o chão, ele tateou o piso e percebeu que era oco, tirou o falso a azulejo que dava para um buraco pouco maior que a sua mão e enfiou a ela lá, tirou a espada embrulhada num veludo vermelho, a colocou em cima da mesa, depois pôs em baixo do braço e ia saindo, parou perto da porta, se virou e disse
-Não diga a ninguém que eu estive aqui, é sério.- ele falou bastante sério e finalmente saiu, mas ao despontar no corredor, deu de cara com May e Jorge que logo fitaram o embrulho debaixo do braço dele
-O que é isso?- perguntou Jorge apontando para o embrulho, Vilhens sorriu e disse de forma calma e despreocupada
-Eu também estou numa missão... Mas é sobre a filha mais velha da Janinha, essa aqui é a varinha dela
-É uma varinha um tanto grande, não?- perguntou May desconfiada, Vilhens riu disfarçando
-Não é uma varinha qualquer, está enrolada em muitos panos
-Que seja, vamos May- disse Jorge e eles rumaram ao escritório, Vilhens desceu correndo as escadas, e se desviou de qualquer olhar suspeito, saiu pelas portas do fundo com a ajuda de Jake, entrou em seu carro e foi embora dali, May e Jorge chegaram á sala e encontraram Lucas descobrindo um piso oco
-Mais gente procurando coisas?
-Estamos atrás de uma espada - explicou Jorge
-Érr..- Lucas quis falar que um senhor acabara de pegá-la mas ele havia falado de maneira tão seria para não contar que Lucas achou melhor não dizer nada- Eu vou precisar voltar aqui com o Martin e fui previamente meio que avisado que vocês não querem que ele saiba da missão de vocês...
-Realmente não é interessante que ele saiba, mas nós precisamos achar a espada- disse May impaciente
-Esperem nós sairmos e vocês procuram a vontade
-Não podemos perder muito tempo- disse Jorge
-Bem...- Lucas ficou tentado dizer a verdade, em parte por que realmente precisava tirar eles dali- um Tal de Charles Vilhens veio aqui e pegou uma espada embrulhada num pano
-Hã!Eu imaginei! Mas que droga!!- praguejou Jorge
-Acabamos de passar por ele, talvez consigamos encontrá-lo- disse May já saindo da sala e atravessando o corredor, Jorge foi atrás, mas percorreram toda a casa e nenhum sinal de Charles Vilhens, mas encontraram Camppell
-Aí está você seu miserávi!!- gritou Jorge
-O que foi que supostamente fiz?!- perguntou ele surpreso
-O eclipse será agora à tarde e nós perdemos a porcaria da espada!!!- disse May
-Um tal de Charles Vilhens entrou lá e pegou ela antes da gente
-bem que a Sr. Varilovisky disse que teríamos sorte se alguém chegasse antes, mas eu discordo, eu não sou do tipo de pessoa que preciso que outro façam a parte mais difícil !!!
-May, não se esqueça de como EU entrei nessa história
-Mas eu estou aqui também, não estou?
-Chega!!- gritou Camppell- May, nós entendemos o seu lado, mas acontece que você não precisa fazer algumas coisas que outras pessoas precisam
-Eu não, não compreendo muito bem o que quer falar, mas e a nossa missão?- perguntou a ruiva
-Não fiquem preocupados nem irados, mas a missão não está perdida, Vilhens está sendo testado por alguém maior, não sei se sabe...
-Então qual foi o papel nosso o tempo todo? – perguntou Jorge querendo mesmo saber
-Vocês continuarão sendo úteis, espere por essa noite, a meia noite no caso
-E na hora do Eclipse?
 -O eclipse não é hoje, é amanhã- May e Jorge se olharam com cara de quem dera uma de tapados.
-Mas hoje... – Camppell parou antes
-Hoje o quê?
-Nada não
-Tem que falar
-Será hoje que Vilhens tentará fazer uma coisa, se ele não conseguir, o que eu to achando que vai acontecer, ele terá de fazer outra, e essa outra é que será meio difícil, então aí ele repassará a espada para vocês, e estaremos todos juntos amanhã na hora do eclipse, que será lunar, a meia noite, até vocês ficam nesse hotel e, por favor, dêem um jeito de Martin não os verem- e estende um cartão de hotel- fiz a reserva de vocês lá
-Vocês disseram que seria por nossa conta e risco e agora eu realmente não entendo o que está acontecendo, pensei que o eclipse ia ser hoje..Jorge!!
-Eu também me enganei
-A culpa não é dele, Lacie colocou uma poção no chocolate de vocês que o fizeram pensar que o tempo havia passado mais rápido, e de fato precisávamos de pressa e vocês nos disseram onde estava a espada
-Fomos usados!!!- concluiu May- Lacie me paga
-Não pode ficar assim mocinha, os carrollianos estão usando o Martin para encontrar o suposto terceiro volume, nós também podemos usar vocês
-Sempre comparando ao Martin, sempre!!!
-Me desculpa, não aceitamos que alguns mistérios tenham nos escapados e por isso não largamos do pé do garoto Martin, precisamos vigiá-lo, precisamos monitorar cada um de seus passos, não podemos perder nenhum de seus movimentos, é ficção ao vivo, é uma coisa límpida  acontecendo a esse inferno que é os bastidores do País das Maravilhas, como podemos não saber desses segredos, você não acha que tem alguma coisa de errado?
-O que eu acho- começou Jorge- que vocês têm coisas de mais para se preocupar do que ficar espionando o menino e nos colocar para desvendar esses incontáveis enigmas e nos usando dessa forma para de algum jeito competir recalcadamente com a história dele- Camppell olhou de uma forma para Jorge, que faria qualquer um chorar, ele era muito bom em disfarçar sentimentos, mas deixou bem claro em seu rosto que estava ofendido, muito ofendido, mas respirou fundo e disse de maneira controlada e até mais terrível do que se tivesse explodido
-Você está muito enganado, somos preguiçosos não recalcados, temos inveja sim do Martin, o caso dele é mais leve, mais simples, mais gostoso, em nenhuma missão ele se questiona a si mesmo se os seus valores empatam seus objetivos
-Isso acontece com você?- perguntou May
-Não, mas temos que nos preocupar com a cabeça dos outros, o que acaba sendo pior... Bem o recado esta dado- ele coloca o chapéu, que mania esse povo tem de usar chapéu, e sai, May e Jorge ficam sem opção, eles querem participar do que haverá de acontecer, seja lá o que for, na noite do eclipse, vão para o hotel, por mais uma conhecidência infame do destino eles vão para o mesmo hotel em que Martin está hospedado
-A não, já estou cansada disso... Não é conhecidência, Camppell fez de propósito- comenta May
-Ou não, veja lá- Jorge aponta e eles vêem Charles Vilhens também fazendo a reserva
-Charles Vilhens... é esse o nome dele?- pergunta May
-Acho que é... O que ele terá de tão fazer que é terrível que Camppell não confia na gente para fazer esta noite?
-Nada que uma Cohen não possa fazer
-Já sei o que vamos fazer hoje noite May
-Tentar dominar o mundo?- Jorge a olha debochado


PR Vilhens

Vilhens sobe para o quarto, se esparrama na cama com a espada no colo, ele a desembrulha, o pano que a envolve só pode ser a bandeira do País das Maravilhas, ele precisava dar a Jane o produto que pelo qual ela havia pagado e também salvar, de algum modo, a vida de sua esposa, a missão se revelara um pouco menos sórdida do que ele estava esperando, embora não contasse com a possível intervenção de outras “missões”, de qualquer maneira estava tranqüilo, contemplava a espada dourada em seu colo, com certeza não era a lendária espada vorpal, mas era um espada muito respeitosa, sua lamina era de ouro maciço, o capo era um refratário cilíndrico de cristal e os outro detalhes continham rubis, tal objeto não fora feito pelo homem, certamente por algum ferreiro mágico dos bosques encantados da Escócia, ele analisava os detalhes quando pequenas batidas na porta o fizeram despertar, mas ele não se preocupou em guardar a espada, se o enviaram aquele hotel então por que os serviços em nada iria comprometer a sua missão
-Pode entrar- disse ele, e entrou uma velha senhora empurrando um carrinho com o serviço de chá, ps: Samantha, ao ver a espada ela ficou boquiaberta e não sei por que ela então disse
-Não posso deixar que façam isso
-Por que?- perguntou Vilhens pegando a situação no ar- Por acaso vai acabar com a brincadeira?Alguém tem que vir a dar ordem a essa bagunça!- brincou- E eu também preciso de uma consultoria para entregar um produto, estando ele já pago
-É só devolver o dinheiro
-Não foi pago em dinheiro e nada nesse mundo me permitiria devolver
-Vocês são tão egoístas
-Não estou sendo egoísta, eu vou pagar
-Não estou falando disso!- disse Samantha mau humorada, ainda bem que ela estava se referindo a uma outra história em que ela realmente não tinha nada a ver, ao sair, sem perceber, deixou cair do seu carrinho um caderno encapado em couro pintado de azul, Vilhens o apanhou rapidamente e esperou a mulher fechar a porta para ver do que se tratava, na capa viu o nome de ninguém mais ninguém menos do que Alice Pleseance Liddell, ele abriu curioso e fora exatamente o que ele pensara
“Querido Diário...” ele fechou rapidamente, como Samantha achou aquilo restava saber, o por que certamente devia ter pegado antes que Martin o pegasse já que havia o perigo dela revelar alguma coisa sobre o mistério em que Martin estava envolvido, Samantha não queria ajudá-lo, mas Vilhens pouco ou nada sabia desse mistério, ele guardou o diário para si mas folheava direto pensando alto
-Ora, ora, manual do consumidor... Pena que eu esteja do outro lado...- mais tarde ele leria aquilo, agora resolveu descansar antes da noite



-Jorge... agora que nós temos um pouco de tempo eu gostaria de te perguntar uma coisa- Jorge começara a não gostar muito da conversa
-O que é?
-Você coleciona obras exóticas de Alice no País das Maravilhas?
-Obras exóticas? Não...
-Então por que guarda uma edição em turco?- os batimentos cardíacos do peito do rapaz cessaram, ele tentou manter a calma e não sair correndo e pular pela janela
-Edição em turco?- perguntou ele olhando para ela, com muito, muito medo
-Sim- ela tirou da mochila e balançou no ar o livro que havia caído da mochila dele
-O que está fazendo com isso?- ele perguntou sério
-Eu tirei da sua mochila
-E por acaso eu mecho assim nas suas coisas?!
-Relaxa, ta? Na verdade CAIU da sua mochila e eu peguei, eu peguei por que achei curioso o fato de ser uma edição em turco, eu já sei que você sabe árabe então não me surpreendeu tanto
-Então devolve isso aí agora!- ele estendeu a mão, mas May recuou
-Eu não terminei- Jorge voltou a estar à beira de se jogar pela janela novamente e não querer sair disso vivo
-O que foi?- perguntou ele tentando disfarçar o nervosismo da voz, sem sucesso
-Você tem um segredo
-Todos nós temos
-Mas o seu tem a ver com a sua origem... Você veio para a Inglaterra, mas não sabe falar inglês, mas sabe ler em árabe...
-Isso não quer dizer nada
-Da onde exatamente você veio?- Jorge esperava por aquela pergunta, mas não de May, ele ficou em silêncio, e por alguns instantes foi tudo que ouviu... silêncio, e as batidas do próprio coração, nunca a janela pareceu tão atraente- Eu perguntei da onde você veio, mas se você não sabe é só dizer “não sei”, eu não vou te achar um tonto- Jorge respirou fundo,qualquer um teria dito a May que aquela pergunta era meio vaga mas ele sabia exatamente o que ela estava perguntando, era honesto, podia ter dito qualquer coisa mas tinha consciência de que ela não se contentaria até saber a verdade, tentou manter a calma e não chorar, aquilo era uma história muito difícil para ele, sabia que um dia ia ter de contar, mas isso era como a morte... todo mundo sabe que vai acontecer, mas procura não pensar a respeito
-Eu... – começou a balbuciar- eu nasci em Kilis, na Turquia- e ficou paralisado, por que sabia que contar da onde veio implicaria em explicar o porquê de ter vindo (e como)entre outras coisas  , e isso era uma gárgula terrível que ele não conseguia encarar, May continuou
-Você veio recentemente para a Inglaterra?- ela perguntou cautelosa e atenciosamente, como se estivesse falando com uma criança assustada, e no momento Jorge não passava disso, ele apenas acenou com a cabeça, ela suspirou parecendo entender a situação, tinha tanto medo quanto ele da palavra que flutuava entre eles como uma nuvem carregada, pronta para se arrebentar numa torrencial: “refugiado”, a travessia de Jorge para lá havia sido muito traumática para ele, em nenhum momento, ele diria, a morte saiu de seu lado, ela esteve com ele mais tempo do que sua própria mãe, ele não conseguiu pensar na palavra “mãe” sem cair na cama chorando o suficiente para encher o mediterrâneo, May chegou a ficar preocupada, ela se ajoelhou ao lado dele e tentou  o consolar
-Calma, já passou... Seja lá o que for, você está aqui, e está bem- Jorge se emocionou com o ato de May, esperava que ela o olhasse como um demônio, com medo, repulsa, até mesmo pena, mas ela estava ali, ao seu lado, sussurrando palavras gentis enquanto afagava seus cabelos, tal como sua mãe fez durante...., Jorge não podia continuar escondendo dela, pelo menos não o seu próprio nome, ele confiava nela, precisava confiar, precisava deixar que um raio de conforto e esperança trespassasse as cortinas sombrias que escureciam seu interior
-Eu preciso te dizer uma coisa- disse ele virando o olhar para ela, ainda vermelho e com a voz rouca
-Não diga, se isso lhe causar sofrimento- naquele instante, ele não conseguiu evitar, se apaixonou por ela, mais tarde isso lhe causaria mais sofrimento, mas naquele momento, algo aqueceu seu coração, era o que estava sentindo por ela
-É o meu nome... Meu nome não é Jorge
-E qual é?- perguntou ela docilmente
-Mustafar.. Mustafar Mali.. Abdar
-Mustafar...- sussurrou ela curiosa, ele achou aquilo pertubadoramente sensual, então se virou de modo que não a encarasse, não por vergonha, mas para afastar da mente aqueles pensamentos tão infames
-É um nome bem exótico- comentou ela achando graça, mas com medo de ofende-lo
-Mas olha- ele se virou sério- isso tudo deve ser um segredo maior que qualquer coisa relacionada à Lewis Carroll para você, é por que é minha vida... acredito que você compreenda- disse ele observando as expressões em seu rosto, May parecia compreender, então ele acrescentou
-Só me chame de Jorge, por favor, e... Não quero mais que toque nesse assunto, vamos esquecer-nos de tudo por enquanto, está bem?- antes que ele a visse dizer qualquer coisa, se virou na cama e foi dormir.







quinta-feira, 28 de julho de 2016

May e Jorge parte III





Um mapa!!
-Veja isso May! Um mapa!- May foi para de trás da escrivanhia para ver o desenho
-Onde isso vai nos levar?- perguntou enquanto tirava o celular do bolso para fotografar
-Parece ser uma espécie de labirintos subterrâneos
-Está ficando cada vez mais interessante!- disse May empolgada- se é que isso é possível
-Leva exatamente até uma sala que fica... debaixo... do quarto... do Martin
-O quê?
-Tem uma sala subterrânea de baixo do quarto dele
-Deve ter uma sala subterrânea por todos os lados nessa escola
-Mas é um umas três possíveis salas para baixo
-Como?
-Não achou que ele deixaria as pistas em galerias que todos conheciam, né? Aqui, ao que entendo, ficam uma três salas para baixo, vamos subir uma escada e ficar logo abaixo dos pés de Martin
-Uma galeria subterrânea em baixo de outra galeria subterrânea
-Vamos lá hoje à noite, não podemos perder mais tempo, o Eclipse é amanhã- naquela noite, depois que todos estavam dormindo, May e Jorge saíram munidos da foto no celular com o mapa, o “pergapano” da May e o manuscrito, desceram algumas escadas que ficavam atrás da catedral, as galerias eram realmente imensas mas tinham archotes iluminando os corredores medievais, May e Jorge caminharam por um bom tempo
-Só falta estarmos perdidos!- disse Jorge
-Perdidos não estamos, isso eu tenho certeza, pelo mapa agora temos de subir essas escadas em caracol- Jorge olhou para frente e viu um lance de escadas quase na vertical, estavam em espiral e era estreita, mas muito, muito íngreme
-La vamos nós- comentou ele, eles subiram até chegarem a uma portinha de madeira, medieval, eles empurraram, ela era bem pesada e fez um grande ruído mas eles conseguiram entrar, era um grande salão, com o chão todo desenhado e dentro havia uma espécie de arca
-Aposto que tem algo de muito importante nessa arca- diz May
-Quem é o capitão óbvio agora?- ironiza Jorge enquanto tenta abrir a arca, mas ela estava trancada, porém ele viu uma flecha desenhada na tampa da arca, ele olhou em direção ao que estava desenhado, olhou para a arca
-Algo me diz que essa sala de alta magia e tudo mais, não era do Lewis Carroll  
-E como chegou a essa conclusão, Sherlock?
-Não sei, é só um palpite
-Será que é por que está escrito “esse local pertence à Jafar”?
-Onde está escrito isso?
-Aí atrás de você- Jorge virou a cabeça e viu uns escritos em árabe na parede
-Não está escrito isso... É Se duvidas, cala-te.  Não sabia que falava árabe
-Não sabia que VOCÊ falava árabe
-Bem, isso não importa, a próxima pista está aqui em algum lugar
-Será que não viemos à sala errada? Não entendo por que Charles nos mandaria para a sala de um mouro
-Justamente, Charles não nos mandaria para a sala de um mouro, é por isso que ele nos mandou para cá, faz parte da dificuldade da pista, outra pessoa tentaria procurar outra sala e acabaria se perdendo nos labirintos quando o mapa é bem claro, vamos ficar por aqui
-Não confunda isso com medo e acomodação
-Se você confundir, vai falhar- Jorge disse e vasculhou todo o local em busca de pistas mas o mais complicado era que tudo parecia pista, a questão era saber qual era a pista, May estendeu o pano e viu através dele que em um canto da sala estava escrito “here”, apontou para o local para Jorge ir até lá
-Bem ali, perto da imagem de uma espécie... de
-Jhins
-Eu ia falar gênio
-é tipo um demônio- disse Jorge dava leves socos na parede até apertar algum botão e a parede começar a se movimentar, ela abriu, mas ao em vez de dar para uma passagem secreta, mostrou outra parede com o enigma, estava em parte talhado no material da parede e parte desprezo, como um quebra cabeça para montar

“dW                                                                                                                
CLAIR
ADORADO
dW
EO
dN
e no final uma suástica, tanto May quanto Jorge sentiram um arrepio e s entreolharam
-Será que é sobre isso que aquela moça estava falando
-Não sei... suástica...  a origem dela remota a Índia..
-Índia?
-Sim... quero dizer... algo próximo do budismo, me entende?
-Sim, sim... Qualquer um já sairia pensando que Carroll tinha inclinação nazista
-Qualquer débil mental você quer dizer, o nazismo veio anos depois de Carroll...- May estendeu mais uma vez o pano e viu escrito logo em baixo uma legenda

“d=disposição
Dois nomes
Um coração
a espada está
nas almas valises”


-Como a gente vai desvendar isso??!!- lamentou Jorge achando a charada mais difícil do que nunca
-Meu sangue ferve, minha ancestralidade me diz que se eu não descobrir essa eu já posso me jogar no Tamisa com uma pedra amarrada no pescoço
-Meio caminho andado, agora só falta preencher as lacunas
-As lacunas do mistério
-Não, veja, tem nove espaços no pé da parede e embaixo nove letras

“A, C, D, E, I, L, L, O, R”
-Nós temos de formar uma palavra... a pergunta é, que palavra?- diz Jorge
-Capitão Óbvio ataca novamente
-Vê se ajuda ao em vez de debochar
-Nos podemos ver isso amanhã
-Amanhã é o dia do eclipse, vai ser a tarde, quer arriscar?
-É melhor não, bem, é um anagrama, a única pista que temos é o que está escrito... eu acho que se considerarmos é muita coisa
-Vamos lá senhorita da ancestralidade forte, agora é com você- disse Jorge e se sentou para descansar em algum lugar enquanto May ficou lá tentando desvendar o mistério, era a primeira vez que ele sentara para descansar e ficar contemplando sua parceira, e contemplar era a palavra certa, por mais tenso que Jorge estivesse com todo o mistério e principalmente consigo mesmo, sempre que observava May, via nela uma embaixada da beleza na terra, a diferença de idade entre eles não podia ser grande coisa, ele tinha 35 e ela o quê? Uns 16 no máximo, mas isso realmente não tinha a menor importância por que eles se entendiam muito bem, não falavam outra língua, bem, falavam, mas também falavam a mesma língua, ela era ruiva, mas não por causa da Nicole, e sim por que era a irmã da America e a America era uma ruiva e... por “Não por causa da Nicole”? Ele não entendia por que estava pensando aquilo, também não entendia que tipo de pensamentos tinham começado a atormentá-lo desde quando ela entrou no caso, desde o começo quando ele soubera que ela supostamente abandonara a missão, ele havia imaginado uma mulher chata e briguenta, não uma adolescente cheia de vida, esperta e... e... linda, NÃO, definitivamente ele não podia começar a querer se apaixonar por ela, May tinha muito futuro e o futuro dele estava nebuloso, Não podia nem se quer sonhar com ela, quando acabara tudo aquilo, ele teria de arrumar um jeito de se esconder de novo de todo ódio reservado a ele pelos dois lados entre os quais perambulava
-É CLAIRDOEL – Fez Jorge pular da onde estava sentado
-Como?
-CLAIRDOEL
-Como você adivinhou?
-Segredos de uma Cohen- Jorge olhou para parede e viu que dois nomes haviam sido escritos, primeiro a letras foram dispostas nos pontos dos W e do N que estavam talhados e depois a suástica fora desmontada formando 4 Ls, antes dele se afastar e ver quais era os nomes que haviam sido formados, May terminara de montar  a palavra, a parede deu outro estalo e virou, sim, a parede virou, revelando desta vez uma mensagem bem clara

“Guildford, castanheiras, espada, casa, escritório, corram!”

-Já sabe o que temos de fazer- comentou May
-Com certeza.


Eles saíram da galeria já eram umas 3 da manhã, e como a excitação do momento não os deixava com sono eles foram direto pegar um trem para Guildford quando tiveram uma surpresa
-Martin e a turma dele- parou Jorge com o braço
-O quê?
-Não podemos deixar ele nos ver, vai achar que fazemos parte de sua aventura
-E o que fazemos?
-Vamos pegar o próximo trem
-O eclipse será a tarde
-Nós temos tempo May, ainda é muito cedo e leva menos de uma hora até Guildford, agora é só a espada, vamos voltar para o college, é mais seguro


-Eles estavam no quarto por que afinal era sábado e não tinham ido para lá para estudar ao contrário do resto, May lia um romance de época de Julia Quinn enquanto Jorge assistia a alguma coisa no computador, a porta bateu, como Jorge estava com fones de ouvido só May ouviu e foi atender a porta, para marcar o livro ela procurou alguma coisa na mesa e fez cair de vez um livro da mochila de Jorge que estava meio para fora, ela pegou o livro intrigada, mas como a porta bateu de novo
-Pode entrar!!- avisou ela enquanto corria para esconder o livro na própria mochila antes que Jorge visse, Lacie entrou no quarto
-Como vão meus menininhos?- perguntou Lacie
-Ei! Essa fala não é da..- ia perguntar May
-é minha sim, ou deixem pra lá, a quanto anda nosso mistério?
-Descobrimos que tem uma espada em Rugby, não, Guildford, por que eu falei Rugby?- disse Jorge
-De certo por que tem alguém lá pensando em você – disse Lacie- é muito bom saber que vocês já avançaram tanto nas investigações, estão anos luz do tal Matt Raymond
-ele é dos nossos?- perguntou May
-Não, nem vai ser, bem, só passei para ver se vocês estavam precisando de algo
-Toddynho, me traga toddynho ou qualquer outro achocolatado, meu cérebro funciona melhor com chocolate liquido tanto quanto o cérebro do Doc Strogger funciona melhor com Álcool
-Ótimo, eu vou buscar- e logo em seguida saiu, algo apressada
-Ela sabe que o Eclipse é hoje à tarde?- perguntou Jorge
-Sabe, por quê?
-Por que o certo seria ela perguntar por que ainda não estamos em Rugby, não, Guildford! Por que eu estou falando Rugby??!!- Lacie correu para a biblioteca, no balcão com ela estava sentada uma jovem vestida elegantemente com o uniforme do college, mas ela não era estudante,
-Querida, avise ele que deixou a espada em Rugby, não, em Guildford, avise-o que deixou a espada em Guildford- disse Lacie para ela
-Eu tenho que avisar para quem?
-Para o da Jane.


Logo na estação de trem, este não demorou e Jorge e May subiram a bordo, levaram um susto quando viram que a tal moça estava no vagão com eles
-Você aqui? Quer dizer logo o seu nome- pediu Jorge
-Por que não diz o seu?
-O meu é Jorge, Jorge Gunthiniz
-Não- riu a moça- Estou falando do seu nome verdadeiro- o sangue se esvaiu do rosto de Jorge
-como assim? Você usa um nome falso?- perguntou May
-Não uso, por favor, não faça isso comigo- pediu com misericórdia Jorge para a moça
-Só para vocês não continuarem a me tratar como “A Moça”, podem me chamar de senhora Varilovsky
-Senhora? Parece tão jovem- comentou May
-É que sou casada, com Vladmir Varilovisky, que, aliás, não pode vir comigo nessa aventura
-Estou aliviado que isso esteja acabando- comentou Jorge
-Espero que vocês tenham a sorte de alguém chegar lá antes que vocês- comentou senhora Varilovisky
-Quem, O Martin? – ironizou May- Não estou ironizando, mas acho que ele não ira encontrar o que nós fomos para lá encontrar
-Seria mais desastroso ainda se o garoto Martin estivesse na missão de vocês, ainda bem que não está, porém, a certeza de seus papéis será posta em cheque a partir do primeiro ato após o empunho da espada, talvez não o da May, mas seu, “Jorge”
-Por que só a May é que tem força suficiente para cumprir tudo? Eu estou do lado dela e até agora não encontrei nada que eu não pudesse fazer
-Menos falar inglês- disse May
-Menos isso- ecoou Jorge
-Pela primeira vez estou tendo problemas em acreditar na capacidade de alguém levar adiante uma missão e isso não tem nada a ver com... com aquilo, né May?
-Sei o que é aquilo- disse a garota
-Se sabe e se não tem nada a ver, por que não dizem na minha cara?- perguntou Jorge impaciente
-O seu problema com essa missão é outro, algo que estará relacionado aos doze sacrifícios- disse a senhora Varilosvisky
-Eu já disse que não vou sacrificar ninguém- disse Jorge
-Bem, mas vai ajudar, ou se não, será sacrificado- Jorge olhou para a senhora Varilosvisky como se ela fosse um dragão prestes a cuspir ácido na cara dele
-Eu posso saber por QUEM eu seria sacrificado?
-Por quem SERÁ sacrificado- nesse momento eles chegaram a Guildford
-Mas já???!!!- eles pulam da poltrona menos senhora Varilosvisky
-Eu acho bom vocês não ficarem aí como gatos assustados e irem logo conferir a barbárie- nesse momento ela desapareceu, Jorge e May correram para a casa que pertenceu a irmã mais velha de Lewis Carroll, ela já estava aberta para a visitação turística, tiveram que tomar muito cuidado para que Martin ou algum amigo não os visse por que eles ainda estavam lá, subiram a escada que aliás estava interditada, mas ao sair no corredor se depararam com...




terça-feira, 26 de julho de 2016

Parte II

Aqui está a segunda parte e graças a minha maravilhosa  mania de enrolar, garanto você até a terceira (ps: naõ sei quantas partes terão mas a "segunda fase" referida neste capítulo começa a partir da quarta parte)

Capítulo 2 Jorge


Matt Raymond chegara à conclusão de que não fora uma quadrilha especializada em roubos de peças raras, ou melhor, não foi com o objetivo de traficar a peça que ela foi furtada para aquele fim.

-Vamos ter que cortar algumas partes, querida
-Eu não sou sua querida- disse May enquanto mordia seu sanduíche de presunto
-O que é door?
-Como assim você está na Inglaterra e não sabe falar inglês?
-Isso é uma longa história...
-Eu não tenho pressa
-Tem sim, o eclipse é daqui a menos de uma semana e temos de ter terminado isso até lá
-Algo me diz que não estaremos livres dessa missão assim que ela acabar
-Quer dizer que terá outra
-Não, quero dizer que ela não vai terminar tão cedo, de que isso ainda vai longe
-Então não vamos perder tempo e vamos atrás das respostas... Qual foi o último enigma?
-Door
-Door, alguém está com door
-Não, door quer dizer porta em inglês
-Door. Porta.. a resposta está em alguma porta!
-Valeu capitão óbvio!Solucionamos boa parte do problema!
-Não me esnobe, só quero ajudar... Tem portas no conto da Alice, não tem?
-Tem, tem sim, portas de vários tamanhos, grandes, pequenas, em árvores
-É isso!
-É isso o que?
-Talvez ele queira que a gente procure em alguma árvore
-É uma boa teoria, mas o que teria a irmã da Alice a ver com isso?
-Não faço a menor idéia- eles ficaram pensando em silêncio por um instante enquanto mastigavam seus sanduíches até que por fim, Jorge quebrou o silêncio
- A porta da irmã dela, ué?
-Como?
-A porta da irmã dela, vamos ver se tem algo na porta da irmã da Alice
-Qual irmã, Jorge?A Alice teve várias irmãs, Ina, Edith, Vioet, Rodha..
-Qual delas estava no livro?- May ainda não havia pensado por essa forma, mas parou para se lembrar um pouco
-Ina e Edith, representada como pássaros
-E a irmã mais velha que aparece no ínicio?
-É mesmo.. Alice tinha uma irmã mais velha... Ina... e é justamente na ilustração dela que a pista foi encontrada
-Acho que Carroll estava sendo específico desde o início conosco
-Bem... então temos de ir até a porta da casa... da Ina? E o que ele quer dizer com casamento?
-Isso me dá um pouco de apreensão
-Não a mim, sou uma Cohen
-Isso não quer dizer nada
-Quer dizer mais do que se eu fosse uma qualquer
-O que quer dizer com uma qualquer?
-Agora quer saber o que eu quero dizer quando acabou de dizer que o que eu disse não quer dizer nada?!
-O que eu quero dizer...
-Gente!!!- gritou uma moça do outro lado da mesa- vamos parar de brigar e se concentrar nesse caso!
-Você não está nele- disse May- não está em nenhum
-Não estarei até terminarem essa fase, estarei na próxima, que não acontecerá se vocês não se entenderem e não entenderem as pistas
-Ótimo, então ajuda aí, o que ele quis dizer com isso?- e deu a ela o papel com o recado anotado, ela lê, analisa e depois diz baixinho, mais pra si do que para os outros
-Eu não entendo por que ele escreveu isso
-O que disse?- perguntou May
-Hã? Olha, se eu fosse vocês procurava isso na porta do quarto da Alice
-Aqui em Oxford?
-É, na reitoria, O Martin vai pra lá só ano que vem mesmo
-É uma boa idéia, vamos até lá- e naquela tarde, eles foram até lá, a casa estava vazia, mas bem mobilhada por que estava para alugar, deram um jeito de engabelar a corretora e começaram a vistoriar o ambiente
-Vamos até o quarto dela- e subiram até antes era o quarto infantil
-Peraí, tem uma coisa que eu não entendo, Alice compartilhava o quarto com as irmãs, então o quarto não era só da Irmã dela...- comentou Jorge
-Muito esperto, mas olha atrás da porta- May disse apontando na direção da porta, Jorge se virou e fechou a porta, de uma soprada na poeira pra conferir, havia uma frase atrás da porta escrita em espelho

“E mesmo que a cabeça passasse, não serviria muito sem”
-Sem os ombros- completou May rapidamente
-Engenhoso, mas não
-Não?
-Use o pano- May obedeceu e estendeu o pano sobre a porta, viu o restante da frase
unum autem corpus” -O que você vê?- perguntou Jorge indo atrás do pano que May guardou rapidamente
-Nada- mentiu com um ar de superioridade
-De uma Cohen, isso só pode significar que viu alguma frase em latim com um significado bem profundo... Mas já que não sabe latim..
-Você é bem esperto para quem escolheu vir para a Inglaterra sem saber falar inglês
-Eu não escolhi
-Não?Então como foi?
-Vamos nos concentrar no caso, eu vejo um reflexo nesse espelho, desse ângulo, que talvez seja alguma coisa
-Claro que é alguma coisa, ou não vai ser?- Jorge ignorou o comentário de May, tocou em uma das letra de espelho e se virou na direção contrária, caminhou até o outro canto do quarto e se abaixou, foi dando leve batidinhas num pedaço da parede com o papel rasgado até achar um lugar oco, ele deu um soco, não muito forte e o pedaço de concreto cedeu
-Ótimo, se Martin Roque danifica o manuscrito da Alice, nós danificamos a casa dela
-Isso aqui não foi construído junto com o resto da casa, algo foi emparedado aqui
-Deus nos livre de ser uma mulher com um gato preto
-Miau
-Vê logo o que tem aí!- Jorge enfiou a mão num buraco e tirou... um lenço
-Outro pano!- bufou May
-Espere, tem um bilhete- ele também pegou um pergaminho minúsculo onde estava escrito..

“Enxugue o corvo”


-Limpe o corvo... ótimo, que corvo?- perguntou May
-Será que devemos entrar naquela sala sinistra e procurar algum?
-Devemos evitar ao máximo entrar naquela sala, o Cammppell que disse
-E como vamos saber que corvo?
2/5





-“Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivanhia?”
-Nenhuma – respondeu Martin para a surpresa de May e Jorge que não percebeu que ele havia chegado à biblioteca
-Vocês também são fãs de Alice?- perguntou ele finalmente mergulhando os dois num medo terrível
-Não muito...
-Eu odeio Alice!- anunciou Jorge de uma maneira que surpreendeu até May- Eu odeio essa... frase
-A..ta...- saiu Martin de perto, meio sem graça, meio assustado, meio achando aquilo bizarro como alguém não gostar de Alice
-Não precisava ter dito isso, nunca se diz que odeia Alice, ela não te fez absolutamente nada
-Eu precisava afastá-lo
-Fez bem- reapareceu aquela moça do refeitório
-Fez?- perguntou May confusa
-Mas é claro, nada contra o garoto, mas a segunda fase desse caso é tão cabulosa que nem sei se serão revelados os detalhes a vocês ou torno de conhecimento do público somente do ponto de vista investigativo
-Do que está falando, afinal?- perguntou Jorge impaciente
-Assim como o garoto Martin, vocês terão de ter estômago o suficiente para certas ocasiões
-Não estou gostando do seu tom, quer dizer que algumas coisas vão.. ficarem... mais.. mais- Jorge tentava encontrar as palavras certas
-Diga Jorge... O que exatamente você não estaria disposto a aceitar a fazer?- nesse momento Jorge ficou muito nervoso e se levantou batendo as mãos na mesa com força
-Em primeiro lugar, eu gostaria de deixar bem claro que não eu não estou disposto a matar nem ninguém por idéia que seje!!! todo mundo ficou em silêncio olhando para ele com ar de medo e questionamento
-huummmmm antes fosse envolver mortes, mas estou me referindo a coisas que gente como a May faria sem nenhum problema- Jorge ficou muito envergonhado e se sentou querendo desaparecer como a chama de uma vela, seu rosto estava realmente vermelho embora sua pele fosse mais morena e não fosse tão visível
-Me chamou de fanática extremista ou o que?- perguntou May, que não movera um músculo do pescoço para ver Jorge se sentar
-Por Carroll! Não estou falando de mortes ou religião, estou falando de coisas que a maioria das pessoas considera pior que a morte, pense!!! Pior que o homicídio! Pior que tirar a vida de uma pessoa, pior que isso!
-Nada é pior do que tirar a vida de uma criança inocente!- disse May, a moça bateu palmas contente com o comentário da ruiva
-Parabéns Cohen, parabéns!! Agora pense se isso faz sentido o tempo todo na cabeça comum e limitada de alguém qualquer...
-Mas somos relativos o tempo todo...- comentou Jorge pra si mesmo olhando melancolicamente para os pés
- Eu desisto, espero que vocês não tenham que fazer nada que considerem terrível demais para completar a missão e May, eu confio em você, todos nós confiamos e a ética daqui é que nem a da máfia, se alguém trai, outro alguém “ se trai” e eu quero dizer por “se trair” é muita consideração desse último alguém considerar-te parte dele mesmo para chamar isso de autotraição
-Uma curiosidade, quando diz considerar-te parte dele mesmo, se hipoteticamente eu os traísse, quem de mim seria  a parte a ser traída?
-Ora, deve haver, esse seria o único motivo pela qual você nos trairia
-E se eu os traísse por outro motivo?Tipo... Por ser uma mercenária, sendo assim eu não me importaria muito com tal parte minha sendo usada para uma traição
-Aí seria bem chato, por que também teríamos de te matar- colocou o chapéu e estava saindo
-Eu não entendi nada dessa conversa..- suspirou Jorge, a moça voltou
-Jorge
-Sim?
-Só uma curiosidade, se você descobrisse hoje que Lewis Carroll era mesmo pedófilo e teve um caso com a Alice, você ainda continuaria nessa luta do mesmo jeito que entrou?
-Por que, ele é?
-Não responda uma pergunta com outra pergunta- Jorge riu ao pensar antes de dizer
-Devo supor que decidiu me testar depois do meu vexame sobre não ser...- ele ia falar mas escolhei outra palavra- em fim, uma pessoa disposta a tudo
-Está desviando do assunto- ela continuou séria
- Bem, eu não entrei nesse jogo por que pensei que ele fosse inocente, entrei por que...- ele ia falar mas no momento exato mudou de idéia- de qualquer forma, bem poucas coisas me fariam desistir desse plano e essa história não é uma delas- a moça o observou por um longo tempo em silêncio e depois de refletir um tanto concluiu
-Ao contrário do que realmente digo ou se diz após uma resposta dessa natureza nesse específico contexto, tenho que te alertar que você tem tanta probabilidade de abandonar essa missão saindo correndo quanto teria alguém que se importaria muito com a inocência do senhor Dodgson... Infelizmente, a pessoa errada na missão errada, a única forma de chegar até o final e não ter medo e confiar nas suas próprias intenções
-Mas eu gosto muito de Alice, não foi tão por acaso que eu entrei nessa missão
-Sim, nós sabemos exatamente o que te fez querer entrar nessa missão- disse a moça de modo misterioso e bastante sério- Mas é melhor que venha com a gente do que... Você sabe com quem, e não estou falando da liga de vilões unidos contra o País das Maravilhas nem da Rainha de Copas contra o garoto Martin ali- e finalmente saiu
-Estranho... O que ela quis dizer com isso?
-Enigmas... Mais enigmas
-O único motivo aceitável para abandonar a missão seria não ter paciência para enigmas, de resto teríamos de te matar, acho
-Matar, matar, matar! Será que dá para mudar de assunto?
-Você tem deixado cada vez mais evidente que tem algo a esconder
-Não sabia que agora EU era o enigma
-Tudo bem, onde estávamos mesmo? O corvo...
-Eu pensei em algo
-No quê?
-Na hora que eu disse que algo havia sido emparedado você mencionou algo como uma mulher com um gato preto...
-É um conto de Edgar Allan Poe, O Gato Preto
-É isso!!- ele se levantou eufórico tendo descoberto a charada
-É isso o quê?
-Não importa a resposta do enigma do corvo e da escrivanhia, o que Carroll está nos pedindo para fazer é algo bem simples na verdade... Venha comigo!- eles foram até a sala em que descobriram o anel
-Muito bem, agora você vai me falar o que exatamente descobriu
-Lewis Carroll conhecia Allan Poe?- Jorge perguntou
-Eles são contemporâneos, mas eu não tenho certeza- Jorge foi até a escrivanhia e analisou por um tempo
-Me dê o pano que achamos na casa da Alice- May o entregou e Jorge começou a passar o pano na superfície empoeirada da mesa
-Ei!
-Era isso que ele queria que fizéssemos May, enxugue o corvo, enxugue a escrivanhia!

-E qual é o resultado?- perguntou May impaciente, Jorge se aproximou para verificar o resultado, enquanto mais ele enxugava, um desenho começava a aparecer na superfície da mesa... Era uma espécie de mapa.