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quarta-feira, 9 de março de 2016

Simplesmente Fingiam a direção guiar...


(o que aconteceu, Charles?)
Caindo, caindo, caindo, o avião não parava de cair e Charles estava lendo as aventuras de Alice no País das Maravilhas, edição especial com fotos do autor nas páginas finais, ele pensou que aquele bem poderia ser ele, se tivesse nascido a quase duzentos anos atrás
- Pobre diabo...- pensou consigo mesmo – uma grande desilusão amorosa e mais de um século de pessoas par lhe julgarem mal...- teria sido conveniente o avião cair logo no primeiro capítulo do livro e não no fim, ele teria a mesma sensação da Alice
-“ E como vão me achar corajoso lá em casa” pensou ele, “Depois dessa eu poderia cair do telhado e não dar um piu, mas se eu caísse, eu certamente morreria, pois eu moro no décimo oitavo andar de um prédio com mais de trinta”- assim como ele sabia que chorar e se lamentar como as pessoas ao seu redou não adiantaria de nada, se o avião estava caindo do jeito que estava não haveria sobreviventes e ele se importava tanto quanto quando diziam que Charles Lutwidge Dodosgon era pedófilo, ou quando se odiavam pedófilos. Mas que ali logo a frente havia outro ser humano que não esboçava qualquer reação de espanto ou desespero, Charles notou que este, assim como ele e ao contrário dos outros estava calmo a ler um livro, este por acaso era Alice através do Espelho, e ainda mais, o homem parecia rir, parecia não, ele estava rindo a beça, como se o livro fosse engraçado e não trágico, Charles nunca o tinha lido, mas sabia que era trágico por que na infância cansou de ver seu pai com os olhos cheios d’água por ler as primeiras estrofes do poema introdutório, Charles então se esquivou flutuando entre os bancos, pois a queda lhe dá ausência de gravidade, era um paradoxo mas era a lei da física assim como é lei não cobiçar os filhos do próximo, e assim foi chegando perto do sujeito, cujo o riso fora confundido por ele com o lamento dos outros
- Com licença senhor, não pude deixar de notar que está se divertindo a beça com a leitura
-Acha q é o único carrolliano fanático nesse avião Charles?
- Como sabe o meu nome?
- Ele me falou de você
-Ele quem?
- Você sabe muito bem quem
-Se você já sabe quem eu sou então isso dispensa a apresentação da minha parte
- Sou Ronald Liddell- e estendeu a mão, Charles sentiu um desânimo desumano, por instante quis acreditar na magia mas tudo fora por água a baixo com aquele sobrenome maldito, o fato é que sabia ele que sua empresa fechara um negócio com a família Liddell verão passado, eles tinham vinícolas fartas e foi seu chefe quem sentou a mesa que pertenceu ao reitor.
- Liddell... Desculpe-me, mas esse sobrenome me soa como o arranho de uma lousa em meus ouvidos.
-Não vou te tratar como um monstro meu amigo, o único monstro aqui sou eu, fui confundido com um deles e agora talvez seja o responsável pelo seu tormento
- Que tormento?
-O vírus, ele se modifica, só passa a agir mesmo em nosso corpo se fazemos.
-Fazemos o que?
-Você sabe muito bem o que
-Desculpe, mas deve estar me confundindo com algum aidético.
-Eu tbm falo com almas do espelho assim como tem gente que fala pelo Skype no computador do serviço. Eu fui confundido com um deles, se não era para ela se chamar Alice, e você e não estaria nesse avião agora. – Charles lembrou de tudo o que Francis lhe dissera sobre o ritual em Oxford, dissera aos pais que não se lembrava de nada que havia acontecido durante o tempo em que ficara desaparecida, mas o fato é que ela havia sido levada para Daresbury, a fim que se fizessem o tal ritual, que lhe passaria o vírus da progenitora, nada que fosse revelado em algum teste, algo singelo, sútil e discreto como uma colherada, ou uma coelhada.
-Mas depois daquilo ela começou a ver Coelhos Brancos e a ver seu conjugue, não você.
-Se tivesse sido o certo ela seria normal?
-Não teria tido a conduta que teve quando foi hospitalizada, isso daria uma dor de cabeça...
- isso não importa, por isso que ela não é normal, ela não fala muito na presença outras pessoas, só abriu a boca para conversar como uma criança quando esteve sozinha comigo, isso por que alguém deve ter falado com ela, isso antes, eu tenho alguma coisa a ver com tudo isso? Você conhece meu pai Hector, Hector Villhens? Ele tbm falou de vírus e essas coisas...
-Charles!- interrompeu Ronald com um dedo em seus lábios – o Plano era reproduzir a felicidade dos dois na terra para terem um modelo vivo, mas isso não tinha como dar certo pois ela, digo, a primeira Francis era uma fada não por causa do nome mas por conta de ter nascido uma fada bastarda
-Mas Francis Ladinne é uma fada bastarda, o pai dela é o sócio do senhor Laddine
-Convenções Charles, a mãe dela tbm é uma carrolliana fanática, vc não sabe disso mas é. ela planejou tudo mas não ia adiantar de nada, não naquele meio, eles não são sensatos em achar que dá pra reproduzir Dodos em ovos de galinha, eu menti minha identidade propositalmente, ou você acha que isso é suficiente para acontecer...
-Mas eu teria de ser da família.
- Mas você é, a senhora Laddine é sua tia, ela foi dada como morta quando nasceu e vendida para uma família de ingleses- Bem que a senhora Ladine era lhe familiar, e seu pai sempre havia dito sobre uma irmã que nascera morta mas que ele sempre acreditou estar viva.
-Então me diz por que eu sou o único nessa historia que não escuto vozes?- o avião finalmente caiu no pântano.


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