Aqui está a segunda parte e graças a minha maravilhosa mania de enrolar, garanto você até a terceira (ps: naõ sei quantas partes terão mas a "segunda fase" referida neste capítulo começa a partir da quarta parte)
Capítulo 2 Jorge
Matt Raymond chegara
à conclusão de que não fora uma quadrilha especializada em roubos de peças
raras, ou melhor, não foi com o objetivo de traficar a peça que ela foi furtada
para aquele fim.
-Vamos ter que
cortar algumas partes, querida
-Eu não sou sua
querida- disse May enquanto mordia seu sanduíche de presunto
-O que é door?
-Como assim você
está na Inglaterra e não sabe falar inglês?
-Isso é uma longa
história...
-Eu não tenho pressa
-Tem sim, o eclipse
é daqui a menos de uma semana e temos de ter terminado isso até lá
-Algo me diz que não
estaremos livres dessa missão assim que ela acabar
-Quer dizer que terá
outra
-Não, quero dizer
que ela não vai terminar tão cedo, de que isso ainda vai longe
-Então não vamos
perder tempo e vamos atrás das respostas... Qual foi o último enigma?
-Door
-Door, alguém está
com door
-Não, door quer
dizer porta em inglês
-Door. Porta.. a
resposta está em alguma porta!
-Valeu capitão
óbvio!Solucionamos boa parte do problema!
-Não me esnobe, só
quero ajudar... Tem portas no conto da Alice, não tem?
-Tem, tem sim,
portas de vários tamanhos, grandes, pequenas, em árvores
-É isso!
-É isso o que?
-Talvez ele queira
que a gente procure em alguma árvore
-É uma boa teoria,
mas o que teria a irmã da Alice a ver com isso?
-Não faço a menor
idéia- eles ficaram pensando em silêncio por um instante enquanto mastigavam
seus sanduíches até que por fim, Jorge quebrou o silêncio
- A porta da irmã
dela, ué?
-Como?
-A porta da irmã
dela, vamos ver se tem algo na porta da irmã da Alice
-Qual irmã, Jorge?A
Alice teve várias irmãs, Ina, Edith, Vioet, Rodha..
-Qual delas estava
no livro?- May ainda não havia pensado por essa forma, mas parou para se
lembrar um pouco
-Ina e Edith,
representada como pássaros
-E a irmã mais velha
que aparece no ínicio?
-É mesmo.. Alice tinha
uma irmã mais velha... Ina... e é justamente na ilustração dela que a pista foi
encontrada
-Acho que Carroll
estava sendo específico desde o início conosco
-Bem... então temos
de ir até a porta da casa... da Ina? E o que ele quer dizer com casamento?
-Isso me dá um pouco
de apreensão
-Não a mim, sou uma
Cohen
-Isso não quer dizer
nada
-Quer dizer mais do
que se eu fosse uma qualquer
-O que quer dizer
com uma qualquer?
-Agora quer saber o
que eu quero dizer quando acabou de dizer que o que eu disse não quer dizer
nada?!
-O que eu quero
dizer...
-Gente!!!- gritou
uma moça do outro lado da mesa- vamos parar de brigar e se concentrar nesse
caso!
-Você não está nele-
disse May- não está em nenhum
-Não estarei até
terminarem essa fase, estarei na próxima, que não acontecerá se vocês não se entenderem
e não entenderem as pistas
-Ótimo, então ajuda
aí, o que ele quis dizer com isso?- e deu a ela o papel com o recado anotado,
ela lê, analisa e depois diz baixinho, mais pra si do que para os outros
-Eu não entendo por
que ele escreveu isso
-O que disse?-
perguntou May
-Hã? Olha, se eu
fosse vocês procurava isso na porta do quarto da Alice
-Aqui em Oxford?
-É, na reitoria, O
Martin vai pra lá só ano que vem mesmo
-É uma boa idéia, vamos
até lá- e naquela tarde, eles foram até lá, a casa estava vazia, mas bem
mobilhada por que estava para alugar, deram um jeito de engabelar a corretora e
começaram a vistoriar o ambiente
-Vamos até o quarto
dela- e subiram até antes era o quarto infantil
-Peraí, tem uma
coisa que eu não entendo, Alice compartilhava o quarto com as irmãs, então o
quarto não era só da Irmã dela...- comentou Jorge
-Muito esperto, mas
olha atrás da porta- May disse apontando na direção da porta, Jorge se virou e
fechou a porta, de uma soprada na poeira pra conferir, havia uma frase atrás da
porta escrita em espelho
“E mesmo que a
cabeça passasse, não serviria muito sem”
-Sem os ombros-
completou May rapidamente
-Engenhoso, mas não
-Não?
-Use o pano- May
obedeceu e estendeu o pano sobre a porta, viu o restante da frase
“unum autem corpus” -O que você
vê?- perguntou Jorge indo atrás do pano que May guardou rapidamente
-Nada- mentiu com um
ar de superioridade
-De uma Cohen, isso
só pode significar que viu alguma frase em latim com um significado bem
profundo... Mas já que não sabe latim..
-Você é bem esperto
para quem escolheu vir para a Inglaterra sem saber falar inglês
-Eu não escolhi
-Não?Então como foi?
-Vamos nos
concentrar no caso, eu vejo um reflexo nesse espelho, desse ângulo, que talvez
seja alguma coisa
-Claro que é alguma
coisa, ou não vai ser?- Jorge ignorou o comentário de May, tocou em uma das
letra de espelho e se virou na direção contrária, caminhou até o outro canto do
quarto e se abaixou, foi dando leve batidinhas num pedaço da parede com o papel
rasgado até achar um lugar oco, ele deu um soco, não muito forte e o pedaço de
concreto cedeu
-Ótimo, se Martin
Roque danifica o manuscrito da Alice, nós danificamos a casa dela
-Isso aqui não foi
construído junto com o resto da casa, algo foi emparedado aqui
-Deus nos livre de
ser uma mulher com um gato preto
-Miau
-Vê logo o que tem
aí!- Jorge enfiou a mão num buraco e tirou... um lenço
-Outro pano!- bufou
May
-Espere, tem um
bilhete- ele também pegou um pergaminho minúsculo onde estava escrito..
“Enxugue o corvo”
-Limpe o corvo...
ótimo, que corvo?- perguntou May
-Será que devemos
entrar naquela sala sinistra e procurar algum?
-Devemos evitar ao
máximo entrar naquela sala, o Cammppell que disse
-E como vamos saber
que corvo?
2/5
-“Qual a semelhança
entre um corvo e uma escrivanhia?”
-Nenhuma – respondeu
Martin para a surpresa de May e Jorge que não percebeu que ele havia chegado à
biblioteca
-Vocês também são fãs
de Alice?- perguntou ele finalmente mergulhando os dois num medo terrível
-Não muito...
-Eu odeio Alice!-
anunciou Jorge de uma maneira que surpreendeu até May- Eu odeio essa... frase
-A..ta...- saiu
Martin de perto, meio sem graça, meio assustado, meio achando aquilo bizarro
como alguém não gostar de Alice
-Não precisava ter
dito isso, nunca se diz que odeia Alice, ela não te fez absolutamente nada
-Eu precisava
afastá-lo
-Fez bem- reapareceu
aquela moça do refeitório
-Fez?- perguntou May
confusa
-Mas é claro, nada
contra o garoto, mas a segunda fase desse caso é tão cabulosa que nem sei se
serão revelados os detalhes a vocês ou torno de conhecimento do público somente
do ponto de vista investigativo
-Do que está
falando, afinal?- perguntou Jorge impaciente
-Assim como o garoto
Martin, vocês terão de ter estômago o suficiente para certas ocasiões
-Não estou gostando
do seu tom, quer dizer que algumas coisas vão.. ficarem... mais.. mais- Jorge
tentava encontrar as palavras certas
-Diga Jorge... O que
exatamente você não estaria disposto a aceitar a fazer?- nesse momento Jorge
ficou muito nervoso e se levantou batendo as mãos na mesa com força
-Em primeiro lugar,
eu gostaria de deixar bem claro que não eu não estou disposto a matar nem
ninguém por idéia que seje!!! todo mundo ficou em silêncio olhando para ele com
ar de medo e questionamento
-huummmmm antes
fosse envolver mortes, mas estou me referindo a coisas que gente como a May
faria sem nenhum problema- Jorge ficou muito envergonhado e se sentou querendo
desaparecer como a chama de uma vela, seu rosto estava realmente vermelho
embora sua pele fosse mais morena e não fosse tão visível
-Me chamou de fanática
extremista ou o que?- perguntou May, que não movera um músculo do pescoço para
ver Jorge se sentar
-Por Carroll! Não
estou falando de mortes ou religião, estou falando de coisas que a maioria das
pessoas considera pior que a morte, pense!!! Pior que o homicídio! Pior que
tirar a vida de uma pessoa, pior que isso!
-Nada é pior do que
tirar a vida de uma criança inocente!- disse May, a moça bateu palmas contente
com o comentário da ruiva
-Parabéns Cohen,
parabéns!! Agora pense se isso faz sentido o tempo todo na cabeça comum e
limitada de alguém qualquer...
-Mas somos relativos
o tempo todo...- comentou Jorge pra si mesmo olhando melancolicamente para os
pés
- Eu desisto, espero
que vocês não tenham que fazer nada que considerem terrível demais para
completar a missão e May, eu confio em você, todos nós confiamos e a ética
daqui é que nem a da máfia, se alguém trai, outro alguém “ se trai” e eu quero
dizer por “se trair” é muita consideração desse último alguém considerar-te
parte dele mesmo para chamar isso de autotraição
-Uma curiosidade,
quando diz considerar-te parte dele mesmo, se hipoteticamente eu os traísse,
quem de mim seria a parte a ser traída?
-Ora, deve haver,
esse seria o único motivo pela qual você nos trairia
-E se eu os traísse
por outro motivo?Tipo... Por ser uma mercenária, sendo assim eu não me
importaria muito com tal parte minha sendo usada para uma traição
-Aí seria bem chato,
por que também teríamos de te matar- colocou o chapéu e estava saindo
-Eu não entendi nada
dessa conversa..- suspirou Jorge, a moça voltou
-Jorge
-Sim?
-Só uma curiosidade,
se você descobrisse hoje que Lewis Carroll era mesmo pedófilo e teve um caso
com a Alice, você ainda continuaria nessa luta do mesmo jeito que entrou?
-Por que, ele é?
-Não responda uma
pergunta com outra pergunta- Jorge riu ao pensar antes de dizer
-Devo supor que
decidiu me testar depois do meu vexame sobre não ser...- ele ia falar mas
escolhei outra palavra- em fim, uma pessoa disposta a tudo
-Está desviando do
assunto- ela continuou séria
- Bem, eu não entrei
nesse jogo por que pensei que ele fosse inocente, entrei por que...- ele ia
falar mas no momento exato mudou de idéia- de qualquer forma, bem poucas coisas
me fariam desistir desse plano e essa história não é uma delas- a moça o
observou por um longo tempo em silêncio e depois de refletir um tanto concluiu
-Ao contrário do que
realmente digo ou se diz após uma resposta dessa natureza nesse específico
contexto, tenho que te alertar que você tem tanta probabilidade de abandonar
essa missão saindo correndo quanto teria alguém que se importaria muito com a
inocência do senhor Dodgson... Infelizmente, a pessoa errada na missão errada,
a única forma de chegar até o final e não ter medo e confiar nas suas próprias
intenções
-Mas eu gosto muito
de Alice, não foi tão por acaso que eu entrei nessa missão
-Sim, nós sabemos
exatamente o que te fez querer entrar nessa missão- disse a moça de modo
misterioso e bastante sério- Mas é melhor que venha com a gente do que... Você
sabe com quem, e não estou falando da liga de vilões unidos contra o País das
Maravilhas nem da Rainha de Copas contra o garoto Martin ali- e finalmente saiu
-Estranho... O que
ela quis dizer com isso?
-Enigmas... Mais
enigmas
-O único motivo
aceitável para abandonar a missão seria não ter paciência para enigmas, de
resto teríamos de te matar, acho
-Matar, matar,
matar! Será que dá para mudar de assunto?
-Você tem deixado
cada vez mais evidente que tem algo a esconder
-Não sabia que agora
EU era o enigma
-Tudo bem, onde
estávamos mesmo? O corvo...
-Eu pensei em algo
-No quê?
-Na hora que eu
disse que algo havia sido emparedado você mencionou algo como uma mulher com um
gato preto...
-É um conto de Edgar
Allan Poe, O Gato Preto
-É isso!!- ele se
levantou eufórico tendo descoberto a charada
-É isso o quê?
-Não importa a
resposta do enigma do corvo e da escrivanhia, o que Carroll está nos pedindo
para fazer é algo bem simples na verdade... Venha comigo!- eles foram até a
sala em que descobriram o anel
-Muito bem, agora
você vai me falar o que exatamente descobriu
-Lewis Carroll
conhecia Allan Poe?- Jorge perguntou
-Eles são
contemporâneos, mas eu não tenho certeza- Jorge foi até a escrivanhia e
analisou por um tempo
-Me dê o pano que
achamos na casa da Alice- May o entregou e Jorge começou a passar o pano na
superfície empoeirada da mesa
-Ei!
-Era isso que ele
queria que fizéssemos May, enxugue o corvo, enxugue a escrivanhia!
-E qual é o
resultado?- perguntou May impaciente, Jorge se aproximou para verificar o
resultado, enquanto mais ele enxugava, um desenho começava a aparecer na
superfície da mesa... Era uma espécie de mapa.
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