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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Parte V


 Lucas está procurando por alguma pista no escritório que pertencera ao autor quando percebe a presença de alguém, ele olha para a porta e se depara com um homem, em média de 37 ou 35 anos,em média uns 1,76cm, nem gordo, nem esguio mas de uma estatura corporal mediana, cabelos negros e volumosos, olhos de azul cobalto, cansados, mas vidrados, pele clara,  leves olheiras, e um rosto que revelava um ser de muita reflexão e certa ousadia
-Quem é você?- perguntou Lucas reparando que ele não era nenhum funcionário do museu
-Meu jovem- suspirou o homem, percebera que ele tinha um suspiro triste e melancólico, como o do mosquito- meu nome é Charles... Charles Vilhens, eu preciso de um objeto que está nesta sala
-Eu também
-Espero que não se trate de uma espada dourada
-Na verdade eu não sei o que possa ser- Vilhens caminhou até a parede da janela e tateou até a sombra de sua mão revelar uma tênue linha até o chão, ele tateou o piso e percebeu que era oco, tirou o falso a azulejo que dava para um buraco pouco maior que a sua mão e enfiou a ela lá, tirou a espada embrulhada num veludo vermelho, a colocou em cima da mesa, depois pôs em baixo do braço e ia saindo, parou perto da porta, se virou e disse
-Não diga a ninguém que eu estive aqui, é sério.- ele falou bastante sério e finalmente saiu, mas ao despontar no corredor, deu de cara com May e Jorge que logo fitaram o embrulho debaixo do braço dele
-O que é isso?- perguntou Jorge apontando para o embrulho, Vilhens sorriu e disse de forma calma e despreocupada
-Eu também estou numa missão... Mas é sobre a filha mais velha da Janinha, essa aqui é a varinha dela
-É uma varinha um tanto grande, não?- perguntou May desconfiada, Vilhens riu disfarçando
-Não é uma varinha qualquer, está enrolada em muitos panos
-Que seja, vamos May- disse Jorge e eles rumaram ao escritório, Vilhens desceu correndo as escadas, e se desviou de qualquer olhar suspeito, saiu pelas portas do fundo com a ajuda de Jake, entrou em seu carro e foi embora dali, May e Jorge chegaram á sala e encontraram Lucas descobrindo um piso oco
-Mais gente procurando coisas?
-Estamos atrás de uma espada - explicou Jorge
-Érr..- Lucas quis falar que um senhor acabara de pegá-la mas ele havia falado de maneira tão seria para não contar que Lucas achou melhor não dizer nada- Eu vou precisar voltar aqui com o Martin e fui previamente meio que avisado que vocês não querem que ele saiba da missão de vocês...
-Realmente não é interessante que ele saiba, mas nós precisamos achar a espada- disse May impaciente
-Esperem nós sairmos e vocês procuram a vontade
-Não podemos perder muito tempo- disse Jorge
-Bem...- Lucas ficou tentado dizer a verdade, em parte por que realmente precisava tirar eles dali- um Tal de Charles Vilhens veio aqui e pegou uma espada embrulhada num pano
-Hã!Eu imaginei! Mas que droga!!- praguejou Jorge
-Acabamos de passar por ele, talvez consigamos encontrá-lo- disse May já saindo da sala e atravessando o corredor, Jorge foi atrás, mas percorreram toda a casa e nenhum sinal de Charles Vilhens, mas encontraram Camppell
-Aí está você seu miserávi!!- gritou Jorge
-O que foi que supostamente fiz?!- perguntou ele surpreso
-O eclipse será agora à tarde e nós perdemos a porcaria da espada!!!- disse May
-Um tal de Charles Vilhens entrou lá e pegou ela antes da gente
-bem que a Sr. Varilovisky disse que teríamos sorte se alguém chegasse antes, mas eu discordo, eu não sou do tipo de pessoa que preciso que outro façam a parte mais difícil !!!
-May, não se esqueça de como EU entrei nessa história
-Mas eu estou aqui também, não estou?
-Chega!!- gritou Camppell- May, nós entendemos o seu lado, mas acontece que você não precisa fazer algumas coisas que outras pessoas precisam
-Eu não, não compreendo muito bem o que quer falar, mas e a nossa missão?- perguntou a ruiva
-Não fiquem preocupados nem irados, mas a missão não está perdida, Vilhens está sendo testado por alguém maior, não sei se sabe...
-Então qual foi o papel nosso o tempo todo? – perguntou Jorge querendo mesmo saber
-Vocês continuarão sendo úteis, espere por essa noite, a meia noite no caso
-E na hora do Eclipse?
 -O eclipse não é hoje, é amanhã- May e Jorge se olharam com cara de quem dera uma de tapados.
-Mas hoje... – Camppell parou antes
-Hoje o quê?
-Nada não
-Tem que falar
-Será hoje que Vilhens tentará fazer uma coisa, se ele não conseguir, o que eu to achando que vai acontecer, ele terá de fazer outra, e essa outra é que será meio difícil, então aí ele repassará a espada para vocês, e estaremos todos juntos amanhã na hora do eclipse, que será lunar, a meia noite, até vocês ficam nesse hotel e, por favor, dêem um jeito de Martin não os verem- e estende um cartão de hotel- fiz a reserva de vocês lá
-Vocês disseram que seria por nossa conta e risco e agora eu realmente não entendo o que está acontecendo, pensei que o eclipse ia ser hoje..Jorge!!
-Eu também me enganei
-A culpa não é dele, Lacie colocou uma poção no chocolate de vocês que o fizeram pensar que o tempo havia passado mais rápido, e de fato precisávamos de pressa e vocês nos disseram onde estava a espada
-Fomos usados!!!- concluiu May- Lacie me paga
-Não pode ficar assim mocinha, os carrollianos estão usando o Martin para encontrar o suposto terceiro volume, nós também podemos usar vocês
-Sempre comparando ao Martin, sempre!!!
-Me desculpa, não aceitamos que alguns mistérios tenham nos escapados e por isso não largamos do pé do garoto Martin, precisamos vigiá-lo, precisamos monitorar cada um de seus passos, não podemos perder nenhum de seus movimentos, é ficção ao vivo, é uma coisa límpida  acontecendo a esse inferno que é os bastidores do País das Maravilhas, como podemos não saber desses segredos, você não acha que tem alguma coisa de errado?
-O que eu acho- começou Jorge- que vocês têm coisas de mais para se preocupar do que ficar espionando o menino e nos colocar para desvendar esses incontáveis enigmas e nos usando dessa forma para de algum jeito competir recalcadamente com a história dele- Camppell olhou de uma forma para Jorge, que faria qualquer um chorar, ele era muito bom em disfarçar sentimentos, mas deixou bem claro em seu rosto que estava ofendido, muito ofendido, mas respirou fundo e disse de maneira controlada e até mais terrível do que se tivesse explodido
-Você está muito enganado, somos preguiçosos não recalcados, temos inveja sim do Martin, o caso dele é mais leve, mais simples, mais gostoso, em nenhuma missão ele se questiona a si mesmo se os seus valores empatam seus objetivos
-Isso acontece com você?- perguntou May
-Não, mas temos que nos preocupar com a cabeça dos outros, o que acaba sendo pior... Bem o recado esta dado- ele coloca o chapéu, que mania esse povo tem de usar chapéu, e sai, May e Jorge ficam sem opção, eles querem participar do que haverá de acontecer, seja lá o que for, na noite do eclipse, vão para o hotel, por mais uma conhecidência infame do destino eles vão para o mesmo hotel em que Martin está hospedado
-A não, já estou cansada disso... Não é conhecidência, Camppell fez de propósito- comenta May
-Ou não, veja lá- Jorge aponta e eles vêem Charles Vilhens também fazendo a reserva
-Charles Vilhens... é esse o nome dele?- pergunta May
-Acho que é... O que ele terá de tão fazer que é terrível que Camppell não confia na gente para fazer esta noite?
-Nada que uma Cohen não possa fazer
-Já sei o que vamos fazer hoje noite May
-Tentar dominar o mundo?- Jorge a olha debochado


PR Vilhens

Vilhens sobe para o quarto, se esparrama na cama com a espada no colo, ele a desembrulha, o pano que a envolve só pode ser a bandeira do País das Maravilhas, ele precisava dar a Jane o produto que pelo qual ela havia pagado e também salvar, de algum modo, a vida de sua esposa, a missão se revelara um pouco menos sórdida do que ele estava esperando, embora não contasse com a possível intervenção de outras “missões”, de qualquer maneira estava tranqüilo, contemplava a espada dourada em seu colo, com certeza não era a lendária espada vorpal, mas era um espada muito respeitosa, sua lamina era de ouro maciço, o capo era um refratário cilíndrico de cristal e os outro detalhes continham rubis, tal objeto não fora feito pelo homem, certamente por algum ferreiro mágico dos bosques encantados da Escócia, ele analisava os detalhes quando pequenas batidas na porta o fizeram despertar, mas ele não se preocupou em guardar a espada, se o enviaram aquele hotel então por que os serviços em nada iria comprometer a sua missão
-Pode entrar- disse ele, e entrou uma velha senhora empurrando um carrinho com o serviço de chá, ps: Samantha, ao ver a espada ela ficou boquiaberta e não sei por que ela então disse
-Não posso deixar que façam isso
-Por que?- perguntou Vilhens pegando a situação no ar- Por acaso vai acabar com a brincadeira?Alguém tem que vir a dar ordem a essa bagunça!- brincou- E eu também preciso de uma consultoria para entregar um produto, estando ele já pago
-É só devolver o dinheiro
-Não foi pago em dinheiro e nada nesse mundo me permitiria devolver
-Vocês são tão egoístas
-Não estou sendo egoísta, eu vou pagar
-Não estou falando disso!- disse Samantha mau humorada, ainda bem que ela estava se referindo a uma outra história em que ela realmente não tinha nada a ver, ao sair, sem perceber, deixou cair do seu carrinho um caderno encapado em couro pintado de azul, Vilhens o apanhou rapidamente e esperou a mulher fechar a porta para ver do que se tratava, na capa viu o nome de ninguém mais ninguém menos do que Alice Pleseance Liddell, ele abriu curioso e fora exatamente o que ele pensara
“Querido Diário...” ele fechou rapidamente, como Samantha achou aquilo restava saber, o por que certamente devia ter pegado antes que Martin o pegasse já que havia o perigo dela revelar alguma coisa sobre o mistério em que Martin estava envolvido, Samantha não queria ajudá-lo, mas Vilhens pouco ou nada sabia desse mistério, ele guardou o diário para si mas folheava direto pensando alto
-Ora, ora, manual do consumidor... Pena que eu esteja do outro lado...- mais tarde ele leria aquilo, agora resolveu descansar antes da noite



-Jorge... agora que nós temos um pouco de tempo eu gostaria de te perguntar uma coisa- Jorge começara a não gostar muito da conversa
-O que é?
-Você coleciona obras exóticas de Alice no País das Maravilhas?
-Obras exóticas? Não...
-Então por que guarda uma edição em turco?- os batimentos cardíacos do peito do rapaz cessaram, ele tentou manter a calma e não sair correndo e pular pela janela
-Edição em turco?- perguntou ele olhando para ela, com muito, muito medo
-Sim- ela tirou da mochila e balançou no ar o livro que havia caído da mochila dele
-O que está fazendo com isso?- ele perguntou sério
-Eu tirei da sua mochila
-E por acaso eu mecho assim nas suas coisas?!
-Relaxa, ta? Na verdade CAIU da sua mochila e eu peguei, eu peguei por que achei curioso o fato de ser uma edição em turco, eu já sei que você sabe árabe então não me surpreendeu tanto
-Então devolve isso aí agora!- ele estendeu a mão, mas May recuou
-Eu não terminei- Jorge voltou a estar à beira de se jogar pela janela novamente e não querer sair disso vivo
-O que foi?- perguntou ele tentando disfarçar o nervosismo da voz, sem sucesso
-Você tem um segredo
-Todos nós temos
-Mas o seu tem a ver com a sua origem... Você veio para a Inglaterra, mas não sabe falar inglês, mas sabe ler em árabe...
-Isso não quer dizer nada
-Da onde exatamente você veio?- Jorge esperava por aquela pergunta, mas não de May, ele ficou em silêncio, e por alguns instantes foi tudo que ouviu... silêncio, e as batidas do próprio coração, nunca a janela pareceu tão atraente- Eu perguntei da onde você veio, mas se você não sabe é só dizer “não sei”, eu não vou te achar um tonto- Jorge respirou fundo,qualquer um teria dito a May que aquela pergunta era meio vaga mas ele sabia exatamente o que ela estava perguntando, era honesto, podia ter dito qualquer coisa mas tinha consciência de que ela não se contentaria até saber a verdade, tentou manter a calma e não chorar, aquilo era uma história muito difícil para ele, sabia que um dia ia ter de contar, mas isso era como a morte... todo mundo sabe que vai acontecer, mas procura não pensar a respeito
-Eu... – começou a balbuciar- eu nasci em Kilis, na Turquia- e ficou paralisado, por que sabia que contar da onde veio implicaria em explicar o porquê de ter vindo (e como)entre outras coisas  , e isso era uma gárgula terrível que ele não conseguia encarar, May continuou
-Você veio recentemente para a Inglaterra?- ela perguntou cautelosa e atenciosamente, como se estivesse falando com uma criança assustada, e no momento Jorge não passava disso, ele apenas acenou com a cabeça, ela suspirou parecendo entender a situação, tinha tanto medo quanto ele da palavra que flutuava entre eles como uma nuvem carregada, pronta para se arrebentar numa torrencial: “refugiado”, a travessia de Jorge para lá havia sido muito traumática para ele, em nenhum momento, ele diria, a morte saiu de seu lado, ela esteve com ele mais tempo do que sua própria mãe, ele não conseguiu pensar na palavra “mãe” sem cair na cama chorando o suficiente para encher o mediterrâneo, May chegou a ficar preocupada, ela se ajoelhou ao lado dele e tentou  o consolar
-Calma, já passou... Seja lá o que for, você está aqui, e está bem- Jorge se emocionou com o ato de May, esperava que ela o olhasse como um demônio, com medo, repulsa, até mesmo pena, mas ela estava ali, ao seu lado, sussurrando palavras gentis enquanto afagava seus cabelos, tal como sua mãe fez durante...., Jorge não podia continuar escondendo dela, pelo menos não o seu próprio nome, ele confiava nela, precisava confiar, precisava deixar que um raio de conforto e esperança trespassasse as cortinas sombrias que escureciam seu interior
-Eu preciso te dizer uma coisa- disse ele virando o olhar para ela, ainda vermelho e com a voz rouca
-Não diga, se isso lhe causar sofrimento- naquele instante, ele não conseguiu evitar, se apaixonou por ela, mais tarde isso lhe causaria mais sofrimento, mas naquele momento, algo aqueceu seu coração, era o que estava sentindo por ela
-É o meu nome... Meu nome não é Jorge
-E qual é?- perguntou ela docilmente
-Mustafar.. Mustafar Mali.. Abdar
-Mustafar...- sussurrou ela curiosa, ele achou aquilo pertubadoramente sensual, então se virou de modo que não a encarasse, não por vergonha, mas para afastar da mente aqueles pensamentos tão infames
-É um nome bem exótico- comentou ela achando graça, mas com medo de ofende-lo
-Mas olha- ele se virou sério- isso tudo deve ser um segredo maior que qualquer coisa relacionada à Lewis Carroll para você, é por que é minha vida... acredito que você compreenda- disse ele observando as expressões em seu rosto, May parecia compreender, então ele acrescentou
-Só me chame de Jorge, por favor, e... Não quero mais que toque nesse assunto, vamos esquecer-nos de tudo por enquanto, está bem?- antes que ele a visse dizer qualquer coisa, se virou na cama e foi dormir.







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