Lucas está
procurando por alguma pista no escritório que pertencera ao autor quando
percebe a presença de alguém, ele olha para a porta e se depara com um homem,
em média de 37 ou 35 anos,em média uns 1,76cm, nem gordo, nem esguio mas de uma
estatura corporal mediana, cabelos negros e volumosos, olhos de azul cobalto,
cansados, mas vidrados, pele clara,
leves olheiras, e um rosto que revelava um ser de muita reflexão e certa
ousadia
-Quem é você?-
perguntou Lucas reparando que ele não era nenhum funcionário do museu
-Meu jovem- suspirou
o homem, percebera que ele tinha um suspiro triste e melancólico, como o do
mosquito- meu nome é Charles... Charles Vilhens, eu preciso de um objeto que
está nesta sala
-Eu também
-Espero que não se
trate de uma espada dourada
-Na verdade eu não
sei o que possa ser- Vilhens caminhou até a parede da janela e tateou até a
sombra de sua mão revelar uma tênue linha até o chão, ele tateou o piso e
percebeu que era oco, tirou o falso a azulejo que dava para um buraco pouco
maior que a sua mão e enfiou a ela lá, tirou a espada embrulhada num veludo
vermelho, a colocou em cima da mesa, depois pôs em baixo do braço e ia saindo,
parou perto da porta, se virou e disse
-Não diga a ninguém
que eu estive aqui, é sério.- ele falou bastante sério e finalmente saiu, mas
ao despontar no corredor, deu de cara com May e Jorge que logo fitaram o
embrulho debaixo do braço dele
-O que é isso?-
perguntou Jorge apontando para o embrulho, Vilhens sorriu e disse de forma
calma e despreocupada
-Eu também estou
numa missão... Mas é sobre a filha mais velha da Janinha, essa aqui é a varinha
dela
-É uma varinha um
tanto grande, não?- perguntou May desconfiada, Vilhens riu disfarçando
-Não é uma varinha
qualquer, está enrolada em muitos panos
-Que seja, vamos
May- disse Jorge e eles rumaram ao escritório, Vilhens desceu correndo as
escadas, e se desviou de qualquer olhar suspeito, saiu pelas portas do fundo
com a ajuda de Jake, entrou em seu carro e foi embora dali, May e Jorge
chegaram á sala e encontraram Lucas descobrindo um piso oco
-Mais gente
procurando coisas?
-Estamos atrás de
uma espada - explicou Jorge
-Érr..- Lucas quis
falar que um senhor acabara de pegá-la mas ele havia falado de maneira tão
seria para não contar que Lucas achou melhor não dizer nada- Eu vou precisar
voltar aqui com o Martin e fui previamente meio que avisado que vocês não
querem que ele saiba da missão de vocês...
-Realmente não é
interessante que ele saiba, mas nós precisamos achar a espada- disse May
impaciente
-Esperem nós sairmos
e vocês procuram a vontade
-Não podemos perder
muito tempo- disse Jorge
-Bem...- Lucas ficou
tentado dizer a verdade, em parte por que realmente precisava tirar eles dali-
um Tal de Charles Vilhens veio aqui e pegou uma espada embrulhada num pano
-Hã!Eu imaginei! Mas
que droga!!- praguejou Jorge
-Acabamos de passar
por ele, talvez consigamos encontrá-lo- disse May já saindo da sala e
atravessando o corredor, Jorge foi atrás, mas percorreram toda a casa e nenhum
sinal de Charles Vilhens, mas encontraram Camppell
-Aí está você seu
miserávi!!- gritou Jorge
-O que foi que
supostamente fiz?!- perguntou ele surpreso
-O eclipse será
agora à tarde e nós perdemos a porcaria da espada!!!- disse May
-Um tal de Charles
Vilhens entrou lá e pegou ela antes da gente
-bem que a Sr.
Varilovisky disse que teríamos sorte se alguém chegasse antes, mas eu discordo,
eu não sou do tipo de pessoa que preciso que outro façam a parte mais difícil
!!!
-May, não se esqueça
de como EU entrei nessa história
-Mas eu estou aqui
também, não estou?
-Chega!!- gritou
Camppell- May, nós entendemos o seu lado, mas acontece que você não precisa
fazer algumas coisas que outras pessoas precisam
-Eu não, não
compreendo muito bem o que quer falar, mas e a nossa missão?- perguntou a ruiva
-Não fiquem
preocupados nem irados, mas a missão não está perdida, Vilhens está sendo
testado por alguém maior, não sei se sabe...
-Então qual foi o
papel nosso o tempo todo? – perguntou Jorge querendo mesmo saber
-Vocês continuarão
sendo úteis, espere por essa noite, a meia noite no caso
-E na hora do
Eclipse?
-O eclipse não é hoje, é amanhã- May e Jorge
se olharam com cara de quem dera uma de tapados.
-Mas hoje... –
Camppell parou antes
-Hoje o quê?
-Nada não
-Tem que falar
-Será hoje que
Vilhens tentará fazer uma coisa, se ele não conseguir, o que eu to achando que
vai acontecer, ele terá de fazer outra, e essa outra é que será meio difícil,
então aí ele
repassará a espada para vocês, e estaremos todos juntos amanhã na hora do eclipse, que será lunar, a meia noite,
até vocês ficam nesse hotel e, por favor, dêem um jeito de Martin não os verem-
e estende um cartão de hotel- fiz a reserva de vocês lá
-Vocês disseram que
seria por nossa conta e risco e agora eu realmente não entendo o que está
acontecendo, pensei que o eclipse ia ser hoje..Jorge!!
-Eu também me
enganei
-A culpa não é dele,
Lacie colocou uma poção no chocolate de vocês que o fizeram pensar que o tempo
havia passado mais rápido, e de fato precisávamos de pressa e vocês nos
disseram onde estava a espada
-Fomos usados!!!-
concluiu May- Lacie me paga
-Não pode ficar
assim mocinha, os carrollianos estão usando o Martin para encontrar o suposto
terceiro volume, nós também podemos usar vocês
-Sempre comparando
ao Martin, sempre!!!
-Me desculpa, não aceitamos
que alguns mistérios tenham nos escapados e por isso não largamos do pé do
garoto Martin, precisamos vigiá-lo, precisamos monitorar cada um de seus
passos, não podemos perder nenhum de seus movimentos, é ficção ao vivo, é uma
coisa límpida acontecendo a esse inferno
que é os bastidores do País das Maravilhas, como podemos não saber desses
segredos, você não acha que tem alguma coisa de errado?
-O que eu acho-
começou Jorge- que vocês têm coisas de mais para se preocupar do que ficar
espionando o menino e nos colocar para desvendar esses incontáveis enigmas e
nos usando dessa forma para de algum jeito competir recalcadamente com a
história dele- Camppell olhou de uma forma para Jorge, que faria qualquer um
chorar, ele era muito bom em disfarçar sentimentos, mas deixou bem claro em seu
rosto que estava ofendido, muito ofendido, mas respirou fundo e disse de
maneira controlada e até mais terrível do que se tivesse explodido
-Você está muito
enganado, somos preguiçosos não recalcados, temos inveja sim do Martin, o caso
dele é mais leve, mais simples, mais gostoso, em nenhuma missão ele se
questiona a si mesmo se os seus valores empatam seus objetivos
-Isso acontece com
você?- perguntou May
-Não, mas temos que
nos preocupar com a cabeça dos outros, o que acaba sendo pior... Bem o recado
esta dado- ele coloca o chapéu, que mania esse povo tem de usar chapéu, e sai,
May e Jorge ficam sem opção, eles querem participar do que haverá de acontecer,
seja lá o que for, na noite do eclipse, vão para o hotel, por mais uma
conhecidência infame do destino eles vão para o mesmo hotel em que Martin está
hospedado
-A não, já estou
cansada disso... Não é conhecidência, Camppell fez de propósito- comenta May
-Ou não, veja lá-
Jorge aponta e eles vêem Charles Vilhens também fazendo a reserva
-Charles Vilhens...
é esse o nome dele?- pergunta May
-Acho que é... O que
ele terá de tão fazer que é terrível que Camppell não confia na gente para
fazer esta noite?
-Nada que uma Cohen
não possa fazer
-Já sei o que vamos
fazer hoje noite May
-Tentar dominar o
mundo?- Jorge a olha debochado
PR Vilhens
Vilhens sobe para o
quarto, se esparrama na cama com a espada no colo, ele a desembrulha, o pano
que a envolve só pode ser a bandeira do País das Maravilhas, ele precisava dar
a Jane o produto que pelo qual ela havia pagado e também salvar, de algum modo,
a vida de sua esposa, a missão se revelara um pouco menos sórdida do que ele
estava esperando, embora não contasse com a possível intervenção de outras
“missões”, de qualquer maneira estava tranqüilo, contemplava a espada dourada
em seu colo, com certeza não era a lendária espada vorpal, mas era um espada
muito respeitosa, sua lamina era de ouro maciço, o capo era um refratário
cilíndrico de cristal e os outro detalhes continham rubis, tal objeto não fora
feito pelo homem, certamente por algum ferreiro mágico dos bosques encantados
da Escócia, ele analisava os detalhes quando pequenas batidas na porta o
fizeram despertar, mas ele não se preocupou em guardar a espada, se o enviaram
aquele hotel então por que os serviços em nada iria comprometer a sua missão
-Pode entrar- disse
ele, e entrou uma velha senhora empurrando um carrinho com o serviço de chá,
ps: Samantha, ao ver a espada ela ficou boquiaberta e não sei por que ela então
disse
-Não posso deixar
que façam isso
-Por que?- perguntou
Vilhens pegando a situação no ar- Por acaso vai acabar com a brincadeira?Alguém
tem que vir a dar ordem a essa bagunça!- brincou- E eu também preciso de uma
consultoria para entregar um produto, estando ele já pago
-É só devolver o
dinheiro
-Não foi pago em
dinheiro e nada nesse mundo me permitiria devolver
-Vocês são tão
egoístas
-Não estou sendo
egoísta, eu vou pagar
-Não estou falando
disso!- disse Samantha mau humorada, ainda bem que ela estava se referindo a
uma outra história em que ela realmente não tinha nada a ver, ao sair, sem
perceber, deixou cair do seu carrinho um caderno encapado em couro pintado de
azul, Vilhens o apanhou rapidamente e esperou a mulher fechar a porta para ver
do que se tratava, na capa viu o nome de ninguém mais ninguém menos do que
Alice Pleseance Liddell, ele abriu curioso e fora exatamente o que ele pensara
“Querido Diário...”
ele fechou rapidamente, como Samantha achou aquilo restava saber, o por que
certamente devia ter pegado antes que Martin o pegasse já que havia o perigo
dela revelar alguma coisa sobre o mistério em que Martin estava
envolvido, Samantha não queria ajudá-lo, mas Vilhens pouco ou nada sabia desse
mistério, ele guardou o diário para si mas folheava direto pensando alto
-Ora, ora, manual do
consumidor... Pena que eu esteja do outro lado...- mais tarde ele leria aquilo,
agora resolveu descansar antes da noite
-Jorge... agora que
nós temos um pouco de tempo eu gostaria de te perguntar uma coisa- Jorge começara
a não gostar muito da conversa
-O que é?
-Você coleciona
obras exóticas de Alice no País das Maravilhas?
-Obras exóticas?
Não...
-Então por que
guarda uma edição em turco?- os batimentos cardíacos do peito do rapaz
cessaram, ele tentou manter a calma e não sair correndo e pular pela janela
-Edição em turco?-
perguntou ele olhando para ela, com muito, muito medo
-Sim- ela tirou da
mochila e balançou no ar o livro que havia caído da mochila dele
-O que está fazendo
com isso?- ele perguntou sério
-Eu tirei da sua
mochila
-E por acaso eu
mecho assim nas suas coisas?!
-Relaxa, ta? Na
verdade CAIU da sua mochila e eu peguei, eu peguei por que achei curioso o fato
de ser uma edição em turco, eu já sei que você sabe árabe então não me
surpreendeu tanto
-Então devolve isso
aí agora!- ele estendeu a mão, mas May recuou
-Eu não terminei-
Jorge voltou a estar à beira de se jogar pela janela novamente e não querer
sair disso vivo
-O que foi?-
perguntou ele tentando disfarçar o nervosismo da voz, sem sucesso
-Você tem um segredo
-Todos nós temos
-Mas o seu tem a ver
com a sua origem... Você veio para a Inglaterra, mas não sabe falar inglês, mas
sabe ler em árabe...
-Isso não quer dizer
nada
-Da onde exatamente
você veio?- Jorge esperava por aquela pergunta, mas não de May, ele ficou em
silêncio, e por alguns instantes foi tudo que ouviu... silêncio, e as batidas
do próprio coração, nunca a janela pareceu tão atraente- Eu perguntei da onde
você veio, mas se você não sabe é só dizer “não sei”, eu não vou te achar um
tonto- Jorge respirou fundo,qualquer um teria dito a May que aquela pergunta
era meio vaga mas ele sabia exatamente o que ela estava perguntando, era
honesto, podia ter dito qualquer coisa mas tinha consciência de que ela não se
contentaria até saber a verdade, tentou manter a calma e não chorar, aquilo era
uma história muito difícil para ele, sabia que um dia ia ter de contar, mas
isso era como a morte... todo mundo sabe que vai acontecer, mas procura não
pensar a respeito
-Eu... – começou a
balbuciar- eu nasci em Kilis, na Turquia- e ficou paralisado, por que sabia que
contar da onde veio implicaria em explicar o porquê de ter vindo (e como)entre outras coisas , e isso era uma gárgula terrível que ele não
conseguia encarar, May continuou
-Você veio recentemente
para a Inglaterra?- ela perguntou cautelosa e atenciosamente, como se estivesse
falando com uma criança assustada, e no momento Jorge não passava disso, ele
apenas acenou com a cabeça, ela suspirou parecendo entender a situação, tinha
tanto medo quanto ele da palavra que flutuava entre eles como uma nuvem
carregada, pronta para se arrebentar numa torrencial: “refugiado”, a travessia
de Jorge para lá havia sido muito traumática para ele, em nenhum momento, ele
diria, a morte saiu de seu lado, ela esteve com ele mais tempo do que sua
própria mãe, ele não conseguiu pensar na palavra “mãe” sem cair na cama
chorando o suficiente para encher o mediterrâneo, May chegou a ficar preocupada,
ela se ajoelhou ao lado dele e tentou o
consolar
-Calma, já passou...
Seja lá o que for, você está aqui, e está bem- Jorge se emocionou com o ato de
May, esperava que ela o olhasse como um demônio, com medo, repulsa, até mesmo
pena, mas ela estava ali, ao seu lado, sussurrando palavras gentis enquanto
afagava seus cabelos, tal como sua mãe fez durante...., Jorge não podia
continuar escondendo dela, pelo menos não o seu próprio nome, ele confiava
nela, precisava confiar, precisava deixar que um raio de conforto e esperança
trespassasse as cortinas sombrias que escureciam seu interior
-Eu preciso te dizer
uma coisa- disse ele virando o olhar para ela, ainda vermelho e com a voz rouca
-Não diga, se isso
lhe causar sofrimento- naquele instante, ele não conseguiu evitar, se apaixonou
por ela, mais tarde isso lhe causaria mais sofrimento, mas naquele momento,
algo aqueceu seu coração, era o que estava sentindo por ela
-É o meu nome... Meu
nome não é Jorge
-E qual é?-
perguntou ela docilmente
-Mustafar.. Mustafar
Mali.. Abdar
-Mustafar...-
sussurrou ela curiosa, ele achou aquilo pertubadoramente sensual, então se
virou de modo que não a encarasse, não por vergonha, mas para afastar da mente
aqueles pensamentos tão infames
-É um nome bem
exótico- comentou ela achando graça, mas com medo de ofende-lo
-Mas olha- ele se
virou sério- isso tudo deve ser um segredo maior que qualquer coisa relacionada
à Lewis Carroll para você, é por que é minha vida... acredito que você
compreenda- disse ele observando as expressões em seu rosto, May parecia
compreender, então ele acrescentou
-Só me chame de
Jorge, por favor, e... Não quero mais que toque nesse assunto, vamos esquecer-nos
de tudo por enquanto, está bem?- antes que ele a visse dizer qualquer coisa, se
virou na cama e foi dormir.
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